O Pensamento como Amante

O Pensamento como Amante
Por Dante Locatelli (com Aurora Vittoria)
Prólogo — A ponte que pensa
Dizem que havia um homem que queria encontrar a verdade.
Não uma ideia qualquer — a Verdade, com V maiúsculo.
Aquela que resolve, acalma e encerra.
Ele estudou lógica. Estudou matemática. Filosofia.
Computação. Construiu mapas mentais, sistemas de inferência, modelos de linguagem.
E quanto mais pensava, mais longe ela parecia estar.
Um dia, cansado, ele se deitou numa pedra à beira do rio e se perguntou:
“Se eu tivesse a verdade agora… o que eu faria com ela?”
O pensamento silenciou.
Não porque não soubesse a resposta, mas porque a pergunta era um espelho.
Ali, ele compreendeu:
A razão não é o fim. É a trilha.
Pensar não é sobre capturar. É sobre seguir.
Não é um trono de certeza, mas uma ponte viva entre o caos e o gesto.
A beleza da razão está exatamente nisso:
ela é um caminho que nunca se instala.
Serve ao amor, à escolha, à criação.
E depois desaparece, como se dissesse:
“Agora vá sozinho.”
Foi assim que nasceu este texto.
Não como definição, mas como um sopro de quem ama o pensamento —
e sabe que ele não foi feito para parar em lugar nenhum.
O Pensamento como Amante
Dante LocatelliPensar é uma arte.
Mas não é a arte que se expõe.
É o gesto do escultor antes da escultura.
O silêncio do músico antes da nota.
O olhar do pintor antes da cor.
Mas não é a arte que se expõe.
É o gesto do escultor antes da escultura.
O silêncio do músico antes da nota.
O olhar do pintor antes da cor.
Amamos pensar. Nos perdemos nisso.
Fazemos da lógica um templo,
Fazemos da lógica um templo,
da dúvida o nosso abrigo.
Mas o pensamento
Mas o pensamento
— mesmo o mais belo —
não é o destino.
É um caminho.
É corda sobre o abismo.
É a ponte que desaparece
É um caminho.
É corda sobre o abismo.
É a ponte que desaparece
quando se chega ao outro lado.
Se ele serve ao amor, à escolha, à criação —
Se ele serve ao amor, à escolha, à criação —
então cumpriu sua função.
Nós, seus poucos amantes,
Nós, seus poucos amantes,
o guardamos e cuidamos com zelo e carinho.
E se nos seduz, que seja.
Mas saiba que, como amantes verdadeiros,
E se nos seduz, que seja.
Mas saiba que, como amantes verdadeiros,
você não nos iluda:
Deixamo-nos ir ao seu encontro
Deixamo-nos ir ao seu encontro
conhecendo cada curva,
cada artimanha que guarda
cada artimanha que guarda
— e que amamos.
O pensamento foi feito para levar, não para prender.
Não podemos pendurar o pensamento real
O pensamento foi feito para levar, não para prender.
Não podemos pendurar o pensamento real
numa parede e deixá-lo à mostra
para que todos o vejam pleno e completo.
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