Tudo Errado 16/02/2025
Tudo Errado
Dante Locatelli
Às vezes, me pego pensando
na vida e seus significados,
nos sonhos que deliramos,
nas desilusões sofridas,
na alma que se vê corroída.
A culpa de não saber sonhar,
os devaneios que embriagam.
Poderia ser, mas não é.
Crescemos a cada tombo,
num lirismo pueril e hediondo.
Crianças de joelhos ralados,
sem unhas, lúnulas nuas,
descendo ruas, machucados,
em carrinhos de rolimã.
Que bela alegoria, fria...
Esvai-se, leviana, um mimo,
no grito surdo do vazio,
dos delírios esquizofrênicos,
culpa do amor, que é um rio.
Onde estarão as pessoas
que deveriam nos amar?
Aquelas por quem sangramos?
Onde foram as que amamos?
A culpa é nossa, e somente nossa.
Vimos e deixamos de ver.
Os outros não possuem culpa
pelo que nunca quiseram ter.
Somos reféns de quem fomos,
inegavelmente perdidos.
Só quem ama pode amar.
Quem enxerga tudo só ri
diante deste circo de horrores.
Como disse o personagem:
"O amor é um monte de merda,
no qual o galo sobe altivo
para cantar ao nascer do sol."
A imagem, rígida como um falo,
explica, em parte, nossa índole:
pueril, sonhadora — um ralo.
Diz muito sobre a humanidade.
Enganar quem quer ser enganado...
Não é certo, mas não está errado?
O que seria mais correto:
acordar o pobre desavisado
ou negar-se a proceder,
afastar-se e recusar o inevitável?
Ainda assim, para ele, irá doer.
#PoesiaExistencialista, #PoesiaModerna, #PoemaReflexivo, #OAbsurdodaVida, #CircoDosHorrores , #SonhosQueMorrem, #EnganarseEnganado, #LiteraturaBrutalista, #PoemaImpactante, #PoesiaQueIncomoda.
Comentários