Capítulo 8: A Proposta Revolucionária
Capítulo 8: A Proposta Revolucionária
O Laboratório de Computação Ambiental fervilhava com a energia típica do dia-a-dia de trabalho. Gráficos piscavam nas telas, os teclados troavam sons incessantes, e os membros da equipe discutiam as próximas etapas do projeto com a precisão de um relógio bem ajustado. O ambiente estava vivo, mas Max, sentado em sua estação, sentia-se cada vez mais distante daquele ritmo. Sua mente estava completamente imersa em uma ideia que parecia crescer e tomar forma por conta própria. Ele sabia que não podia mais adiar a decisão.
A tensão se acumulava em seu peito enquanto olhava para o quadro branco à sua frente, com suas fórmulas e gráficos que pareciam agora insignificantes. Ele não podia deixar passar mais uma chance. Era o momento de falar.
— Tenho uma ideia que gostaria de discutir. — Sua voz saiu baixa, mas firme, cortando o burburinho da sala como uma lâmina afiada. O som do teclado parou. O ar, que até então parecia fluído, tornou-se denso. Todos os olhos se voltaram para ele, como se o espaço ao redor de Max tivesse se contraído. Até o reservado Professor Moore, sempre calmo e distante, inclinou-se levemente para frente, as sobrancelhas arqueadas com uma expressão de curiosidade.
Max sentiu o peso dos olhares, e seu coração acelerou. Ele apertou os dedos sobre o teclado, procurando a palavra certa. A sala estava em completo silêncio, apenas o zumbido suave dos computadores preenchendo o ambiente. Ele engoliu seco, sentindo uma onda de nervosismo tomar conta de si, mas sabia que não podia mais hesitar.
— Quero propor um experimento de evolução computacional controlada. Imagine um ambiente simulado baseado no mundo real, gerenciado por Star, onde organismos virtuais simples, autônomos, com núcleos distintos de Star, enfrentam desafios progressivamente mais complexos. Star promoveria a seleção natural, acelerando artificialmente o processo evolutivo.
O impacto da palavra “evolução” reverberou na sala, como se o tempo tivesse parado por um breve momento. O silêncio esticou-se, pesado, até que foi quebrado por uma série de reações.
Lisa, a cientista mais experiente da equipe, foi a primeira a mover-se. Ela apertou os lábios, seus olhos se estreitando com uma mistura de ceticismo e preocupação. Seu corpo se reclinou para trás na cadeira, as mãos entrelaçadas sobre o colo como se estivesse tentando se proteger do que acabara de ouvir. Uma sombra de dúvida passou por seu rosto, refletida no brilho das telas ao redor. Ela respirou fundo antes de falar.
— Max, isso é ambicioso. Mas precisamos falar sobre os riscos. Você quer criar algo que aprende sozinho, evolui sozinho… e nós? Qual será o nosso papel? — A voz dela estava baixa, mas com um tom firme, quase desafiador. A tensão aumentava, os olhares de todos na sala se voltaram para Lisa, que estava se preparando para confrontar a ideia. A preocupação de Lisa se refletia claramente em seus gestos, como se ela estivesse se preparando para se lançar em uma batalha verbal.
Ahmed, o especialista em simulações, não demorou a se juntar ao debate. Ele franziu a testa, seu olhar fixo em Max, e seus dedos começaram a tamborilar na mesa, um sinal de inquietação. Sua expressão era uma mistura de interesse cauteloso e desconforto.
— Concordo com Lisa. Um sistema assim pode se tornar tão complexo que saia do nosso controle. Como garantir que conseguimos monitorar tudo? — Sua voz estava mais alta, como se tentasse ancorar sua dúvida em palavras claras. A inquietação dele parecia palpável, e o som de seus dedos batendo na mesa fazia com que o ambiente se carregasse ainda mais de tensão. Os outros membros da equipe agora observavam, esperando a resposta de Max, sentindo que estavam à beira de algo significativo, mas também perigoso.
Max sentiu o peso das palavras que havia lançado. Ele sabia que sua proposta não seria aceita facilmente. Seu estômago se apertou, mas não havia mais volta. Ele abriu a boca para responder, mas a respiração estava mais curta, como se o ar na sala tivesse se tornado denso e difícil de respirar.
— Sei que os riscos são altos. Mas, e se isso funcionar? Poderemos observar como características emergem, como a adaptação acontece. Não se trata de criar algo que substitua o ser humano, mas algo que nos permita ir além do que conseguimos imaginar. — Max sentiu a força das suas próprias palavras, tentando encontrar a confiança que tanto buscava. A equipe o observava com um misto de espanto e apreensão, como se o peso do que ele estava propondo fosse de fato mais do que eles estavam preparados para lidar.
Lisa, no entanto, não se deixou abalar. Ela se levantou ligeiramente de sua cadeira, cruzando os braços e encarando Max com um olhar penetrante. Seus ombros estavam tensos, seu corpo uma parede de resistência. As palavras dela saíram carregadas de uma preocupação genuína.
— Isso ainda não resolve o problema da dependência. Quanto mais eficaz for a ferramenta, mais dependentes ficaremos dela. Isso não te preocupa? — O tom dela era incisivo, e os outros cientistas observavam com atenção, cientes de que Lisa estava tocando em um ponto crucial, um dilema ético que reverberava em todo o projeto.
Max ajeitou os óculos, buscando organizar seus pensamentos. Ele sentia a pressão aumentar, o calor da sala se tornando mais intenso. Ele não queria parecer fraco, mas sabia que esse era o momento de ser firme.
— Dependência é inevitável quando criamos algo poderoso. Mas evitar avanços por medo dela seria irracional. A evolução nos ensina que esse medo é uma barreira temporária. No futuro, isso será visto como um impulso necessário para nosso progresso. — Ele falou com mais confiança, sentindo o desafio à medida que sua voz ganhava força. Max estava tentando argumentar que o medo da dependência era algo que deveria ser superado, que a única maneira de avançar seria ir além dessa limitação.
Lisa balançou a cabeça lentamente, ainda visivelmente desconfortável, mas algo nas palavras de Max parecia ter tocado uma corda interna. Ela ainda estava cética, mas suas palavras seguintes foram mais cautelosas.
— Pode ser, Max. Mas não podemos ignorar que isso nos coloca em uma posição arriscada. Estamos lidando com algo que pode mudar mais do que apenas o nosso trabalho. — Ela não deixou de expressar sua preocupação, mas sua postura começou a relaxar ligeiramente, embora ainda estivesse desconfiada.
O Professor Moore, até então quieto, interveio com a calma habitual, mas sua voz carregava um peso diferente. Ele sabia que aquela proposta era importante, mas também sabia que estava em jogo mais do que um simples experimento.
— E é exatamente por isso que precisamos fazer isso com cuidado. Max, sua ideia é interessante. Mas precisamos de salvaguardas claras. Como você sugere manter o controle? — Moore olhou para Max com uma expressão atenta, mas sem deixar de fazer a pergunta crítica que todos esperavam. O tom de sua voz fez com que todos se voltassem para ele, aguardando uma resposta concreta.
Max endireitou-se, sentindo que o momento decisivo estava se aproximando. Ele respirou fundo, sentindo a responsabilidade do que estava prestes a dizer.
— Podemos criar um sistema de monitoramento em tempo real. Star será programada para interromper qualquer comportamento extremo ou anômalo. Além disso, podemos projetar o ambiente de forma que possamos encerrar o experimento a qualquer momento. — A resposta de Max foi rápida e bem estruturada, demonstrando que ele havia pensado nas implicações do que estava propondo.
Sarah, a engenheira de sistemas, ergueu a mão, seu rosto demonstrando uma mistura de interesse e pragmatismo. Ela parecia avaliar os aspectos técnicos com precisão.
— Como vamos medir o sucesso, Max? O que determina que o experimento está funcionando? — Ela queria respostas objetivas, algo que pudesse ser mensurado e validado.
Max apontou para a tela ao lado, onde gráficos e métricas estavam sendo exibidos.
— Usaremos métricas claras: adaptabilidade, diversidade, complexidade comportamental e desempenho. Cada métrica nos mostrará como os organismos estão evoluindo e como o ambiente está moldando essas mudanças. — Ele se sentiu mais seguro à medida que respondia, mas a sala ainda estava tensa, como se a decisão que se aproximava fosse uma linha tênue entre o sucesso e o fracasso.
Moore assentiu, parecendo considerar as palavras de Max, mas ainda havia um peso no ar. Ele sabia que a equipe precisava de mais garantias antes de seguir adiante.
— Vamos refinar sua proposta. Antes de começarmos, precisamos estabelecer diretrizes éticas, redundâncias técnicas e um plano claro para monitorar cada aspecto. Estamos lidando com algo que pode ir além do nosso laboratório. — Moore sabia que o que estava em jogo era maior do que apenas mais um experimento, e isso fazia com que a decisão fosse ainda mais difícil.
Quando a reunião terminou, Lisa aproximou-se de Max. Ela parecia mais tranquila, mas seus olhos ainda carregavam a preocupação.
— Espero que você esteja certo, Max. Porque, se estiver errado, o preço pode ser alto demais. — Lisa disse isso com um tom mais suave, mas ainda havia uma sombra de incerteza em sua voz.
Max não respondeu de imediato. O peso das palavras dela permaneceu com ele enquanto ele deixava a sala, a mente ainda ocupada com as possibilidades e os desafios que a proposta implicava.
Essa versão intensifica a cena com mais tensão emocional e detalhes físicos das reações da equipe. A interação entre Max e os outros membros é mais dramática e profunda, criando um cenário onde o futuro do projeto parece estar à beira de uma decisão crucial.
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