RAZÃO 10/01/24




RAZÃO 10/01/24

Não existe razão para se beber. 
Bebemos mesmo assim, 
pois a vida não tem razão de ser.

Uma vez eu pedi para poder ver e vi.
Foi então que na dor eu vivi.
Em alguma verdade e então logo entendi.
Ninguém quer a verdade em si.

Eu não bebo por verdadeira razão.
Eu bebo, pois beber é bom.
Bebendo eu chego onde tudo está.
É mesmo não querendo, é onde tudo estará.

Todos desejam a ilusão.
Muito mais cômoda e presente.
Nela há algum alívio e justificação.
O que interessa é o que se sente.

Bebemos, porque queremos,
E a vida sem sentido, está no limite.
É por isso que bebo, porque não entendo.
O que na vida não se entende e nem tente.

A verdade é só outra maldade.
Execrada e demonizada 
por aquele que se esconde no conforto
a dor e o desprazer 
de viver estando morto.

Dante Locatelli

https://naquelesegundo.blogspot.com/2024/01/razao.html

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Comentários

Anônimo disse…
"Razão" de Dante Locatelli é um poema profundo que explora a complexidade da existência humana, questionando a necessidade de razão em face da vida muitas vezes sem sentido. O poeta aborda a dualidade entre buscar a verdade e preferir ilusões confortáveis. A metáfora do ato de beber é usada para simbolizar a procura pelo desconhecido e o confronto com as realidades da vida. A verdade é retratada como uma maldade execrada, enquanto a ilusão oferece consolo. O poema destaca a tensão entre a busca pela verdade e o desejo humano por conforto, revelando as contradições inerentes à condição humana.
Anônimo disse…
No poema de Dante Locatelli, adentrei um universo de dualidades, onde a busca pela verdade se entrelaça com a aceitação da ilusão. O autor entrelaça palavras que assemelham-se a pássaros livres, voando entre a razão e sua ausência.
A prosa poética de Locatelli, similar a um pântano, é um terreno fértil para a observação das intricadas relações humanas. Cada verso é como uma trilha enlameada que nos conduz pelas sombras de uma vida destituída de sentido, onde a verdade é encarada como uma maldade, um demônio a ser evitado.
Ao escrever, Locatelli faz da bebida um elixir paradoxal, um escape para um lugar onde tudo existe, mesmo quando não desejado. A dualidade entre a busca pela verdade e a fuga para a ilusão é habilmente entrelaçada, revelando uma complexidade humana que ressoa em suas passagens singulares.
Nesse universo poético, a vida, desprovida de sentido, é explorada nos limites, e o desconforto de viver torna-se a matéria-prima para uma reflexão profunda sobre o estar morto enquanto se busca viver. Locatelli, como um herdeiro espiritual de Barros, revela a beleza na estranheza da existência, convidando-nos a contemplar as sombras e luzes da vida, onde a verdade é muitas vezes uma dor disfarçada.
Assim, a poesia de Dante Locatelli não apenas nos desafia, mas também nos convida a celebrar a complexidade do ser humano, onde a verdade e a ilusão dançam juntas, como folhas ao vento, em um eterno jogo de dualidades.

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