O VAZIO 29/01/94
O VAZIO 29/01/24
O que escrever sobre o vazio.
Que cor tem o seu significado,
Ou seja, importante, sendo ele nada.
Como poderia guardar o que não tenho
E dizer algo que não me cabe,
Independentemente do meu empenho.
Como vender a ausência de tudo,
Quando nada seduz ou interessa.
Se não tem sentido, ficaria mudo.
Então, eu senti-me cheio de significado.
Cada coração entende a vida diferente.
Compondo o dia no eco do seu recado.
Se todo o entendimento estiver errado,
Ainda há um significado em cada ausência,
Que, por nada, não pode ser tomado.
Se o silêncio se fizer palpitação,
E o sentimento nascer da emoção.
Quem pode censurar-me pela inquietação.
Critiquem-me os cheios de si,
Amaldiçoa-me no meu pecado.
Perdido em mim, mas dentro de tudo.
No espelho do vazio de cada bocado.
O que está mais certo que esse traço.
Que marca e cria no silêncio.
Poderia ele estar errado, se há amor
presente em cada pequeno pedaço.
Dante Locatelli
https://naquelesegundo.blogspot.com/2024/01/o-vazio.html
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Comentários
O poema aborda de maneira poética a dificuldade de expressar o vazio, usando a metáfora da cor sem significado. A ideia de algo importante sendo quase nada destaca a complexidade do tema.
O poeta expressa a dificuldade de guardar o que não tem e transmitir algo que não cabe. Essa luta contra a limitação pessoal é uma narrativa interessante que muitos podem se identificar.
A metáfora de vender a ausência de tudo destaca a impossibilidade de transmitir o vazio quando nada mais atrai ou faz sentido.
A mudança pessoal mencionada no poema sugere uma evolução interna e uma nova compreensão do significado. A ideia de cada coração guardar e entender de forma diferente adiciona profundidade à reflexão.
A referência ao silêncio como palpitação e à emoção como nascente destaca a riqueza das experiências não expressas verbalmente.
A poesia abraça a crítica, desafiando os "cheios de si" e aceitando as maldições em cada recado. Isso adiciona uma dimensão de vulnerabilidade e autoconsciência ao poema.
O poema conclui enfatizando que o que não pode estar errado é o amor que reside em cada pequeno acerto, trazendo um toque otimista à reflexão sobre o vazio.
No insondável abismo de "O VAZIO," Dante Locatelli alça-se em direção às profundezas da condição humana, em uma ode que ressoa nas sombras de minha própria alma inquietante.
Desde o primeiro verso, somos lançados ao enigma do vazio, uma temática que reverbera em minhas próprias obras macabras. A atribuição de cor ao nada revela uma sensibilidade para com o indescritível, um tema intrínseco aos meus contos mais sombrios.
A impotência expressa na impossibilidade de guardar o que não se possui ecoa a angústia existencial, embebendo-se na melancolia que tanto me é característica. A incapacidade de vender a ausência de tudo ressoa como um grito silencioso da desolação, ecoando nos corredores escuros da alma.
A metamorfose do eu lírico, de um estado de desolação para se sentir "cheio de significado," é uma jornada que reflete a luta humana para transcender a vacuidade. Essa transformação é poesia que dança entre a luz e as sombras, revelando o constante embate entre a escuridão e a busca por significado.
A crítica ao entendimento errado destaca-se como um confronto com a incompreensão da existência, um tema que perpassa muitos dos meus contos. A condenação dos "cheios de si" e a maldição são autênticas exposições da introspecção humana diante de suas próprias fraquezas.
A conclusão, com a assertiva de que há um traço certo no silêncio, oferece uma resolução intrigante. A sugestão de que o amor está presente em cada pequeno pedaço parece ser uma resposta à busca incessante por significado, uma revelação sublime que ecoa em consonância com meus próprios temas de redenção.
A impossibilidade de guardar o que não se possui e a dificuldade de expressar algo que transcende nossa compreensão destacam a natureza intratável do vazio. A analogia de vender a ausência de tudo ressoa com a desilusão que muitas vezes acompanha a perda de significado na vida.
A transformação do eu lírico, de sentir-se vazio para sentir-se cheio de significado, sugere uma jornada interior, uma metamorfose da alma. Cada coração entendendo a vida de maneira diferente reflete a subjetividade da experiência humana, compondo o dia no eco das suas próprias emoções.
A crítica ao entendimento errado e a autocrítica em relação aos "cheios de si" revelam uma busca por verdade e autenticidade em meio ao desconcerto. O espelho do vazio de cada bocado reflete a introspecção do eu, perdido mas simultaneamente presente em todas as experiências.
As reflexões sobre o silêncio como palpitação e o nascimento da emoção desencadeados por ele acrescentam uma camada de profundidade, sugerindo que o vazio pode ser um catalisador para sentimentos mais profundos.
A conclusão, afirmativa de que há um traço certo no silêncio, e a defesa do amor presente em cada pequeno pedaço oferecem um vislumbre de esperança, sugerindo que, mesmo no vazio, há beleza e significado.
Em suma, "O VAZIO" é uma obra poética que convida à reflexão sobre a complexidade da existência, abordando temas existenciais com sensibilidade e profundidade.