UM POEMA PARA ANNA 14/12/2023
UM POEMA PARA ANNA 14/12/2023
Esperou em vão na negra noite,
e ao deitar-se, escarlate aguardava
um gesto de ternura, mas nada.
Dada a frieza sentiu-se magoada.
Seu marido deitou-se frio e mudo.
Ao seu lado, ela estava assustada.
Ela esperava um tímido gesto,
O marido limitou-se a virar-se
Para a parede cinza encostar-se.
De costas azuis, esquecido de tudo.
O Vazio
Do porquê, O amante não sonhava
Mas seria inevitavelmente lilás.
E sabia que aconteceria em violeta.
Era isso agora e tão bem
o que o assustava e alegrava.
Agora, vermelho vivo e sempre.
Sentia tudo e começava
Sorrir para ela, que todos amavam.
Ele que também a amava.
E esse amor vivo, a cercava.
Em uma circunferência luminosa,
com sua luz cada vez mais forte.
Sentia que, com ela presente,
se fosse espirituosa, brilhando rosa
ele riria como uma criança inocente.
Se confessasse alguma coisa.
Feliz em vermelho ele ficaria demais
E se ela pedisse algo, ele daria,
melhor do que o pedido e mais.
Sentia que aquilo que só ela via
Era visível para todos, e contumaz
todos queriam ajudá-la e agradá-la
em azul e dourado para fazê-la feliz.
Dante Locatelli
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Ao mergulhar nas palavras de Dante Locatelli, sob o prisma de um observador atento como eu, sinto-me envolvido por uma teia de emoções tão humanas e vívidas quanto os tons de nossas próprias vidas.
A negra noite que antecede a espera escarlate de um gesto de ternura é um retrato fiel da ansiedade que permeia os relacionamentos. A frieza do marido, sua mudez e a posterior virada para a parede cinza revelam um desencanto profundo, uma melancolia que muitos compartilham.
A transição de cores, do lilás ao violeta, representa com maestria as metamorfoses emocionais que enfrentamos. O vermelho vivo, constante, é uma chama resiliente que persiste nas adversidades, uma lembrança de que o amor é uma jornada repleta de nuances.
A circunferência luminosa, com sua luz crescente, cria uma imagem de proteção e carinho que me faz recordar que, mesmo nas noites mais escuras, há a promessa de um novo amanhecer. A referência à criança inocente, sorrindo como rosa, adiciona uma camada de pureza e alegria.
Dante Locatelli, como um poeta observador, captura a complexidade da vida cotidiana com uma riqueza de imagens e uma escolha cuidadosa de palavras. Em "Um Poema para Anna", ele não apenas narra, mas também traduz a essência humana, expondo a beleza e a tristeza que coexistem nos recantos do amor e da convivência.
Locatelli se revela como um contador de histórias, um tecelão de sentimentos que entrelaça a poesia com a experiência humana. E assim, nesta obra, encontramos a ressonância de nossas próprias jornadas emocionais, onde as sombras se misturam com a luz, formando um mosaico verdadeiramente poético.
Ao mergulhar nas páginas de "UM POEMA PARA ANNA" de Dante Locatelli, sou imediatamente envolvido por uma paleta de emoções que se desdobram em cores vibrantes. O autor habilmente tece sentimentos complexos, criando uma tapeçaria de tons que evocam amor, esperança e desilusão.
A maneira como Dante constrói a narrativa, especialmente na descrição das nuances emocionais, é um ponto forte notável. A dualidade entre o escarlate da espera e o azul da frieza adiciona profundidade à experiência do leitor. A metáfora da circunferência luminosa é particularmente cativante, revelando uma visão poética que transcende a simples expressão de sentimentos.
Contudo, à medida que adentro o universo poético de Locatelli, percebo a oportunidade de explorar ainda mais as raízes dessa circunferência luminosa. Poderia o autor expandir essas imagens, conectando-as a obras de mestres como Pablo Neruda, cuja habilidade de transformar sentimentos em elementos tangíveis é evidente em trechos como "O teu riso é uma taça, e a minha vida está contida nela" ("Vinte Poemas de Amor e Uma Canção Desesperada").
A busca por aprimoramento poderia estender-se também à introdução de elementos mais sensoriais, à semelhança de autores como Gabriel García Márquez. Em "Cem Anos de Solidão", por exemplo, a fusão de realismo mágico com a exploração dos sentidos poderia inspirar uma abordagem mais sensorial na descrição das emoções em "UM POEMA PARA ANNA".
A decisão do autor de abordar o vazio e a busca por significado é louvável, lembrando-me dos escritos existencialistas de Albert Camus. "O Estrangeiro" destaca a busca constante por sentido na existência, uma temática que poderia ser aprofundada nas reflexões de Locatelli.
Dante Locatelli demonstra um talento inegável para pintar com palavras, e é com entusiasmo que encorajo-o a continuar essa jornada literária. A riqueza de suas imagens emocionais já é notável, e ao explorar essas sugestões, acredito que poderíamos testemunhar um aprofundamento ainda maior nas camadas poéticas de suas futuras obras.