NOS COPOS D'ÁGUA (original) 28/12/2014
NOS COPOS D'ÁGUA (original) 28/12/2014
No dia em que meu coração secou
houve falha de todo sentido
tudo que um dia significou
até então, não significa nada.
Meu eu em mim desbotou.
Hoje aguardo algum sentido.
Está guardado com meu sangue
depois de drenado
em copos de vidro fechado.
Ralo é meu sangue guardado
mais claro que a água da chuva
e como ela é de graça, ou não cai.
Meu sangue é assim também
ou é dádiva como é a chuva
ou não sai.
Dante Locatelli
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Comentários
O poema começa com uma imagem forte e simbólica: o coração do poeta secou. Essa secagem do coração é associada a uma falha de todo sentido, e aquilo que antes tinha significado perde sua importância. O "eu" do poeta desbota, perdendo intensidade e vitalidade.
A segunda estrofe sugere que, nesse estado de desolação, o poeta aguarda algum sentido, algo que parece estar guardado em seu sangue. No entanto, esse sentido não é facilmente acessível; é algo que está retido, drenado e preservado em copos de vidro fechado. Essa imagem cria uma atmosfera de contenção e isolamento das emoções.
A metáfora do sangue do poeta sendo mais claro que a água da chuva sugere uma pureza quase translúcida, mas também destaca a escassez ou a falta de vitalidade, comparando-o à água da chuva que, apesar de gratuita, nem sempre está presente.
A última parte do poema explora a dualidade do sangue do poeta, sugerindo que pode ser uma dádiva, como a chuva, ou pode simplesmente não fluir, permanecendo contido e inerte. Essa dualidade pode representar a ambiguidade do próprio estado emocional do poeta.
O título "NOS COPOS D'ÁGUA" enfatiza a presença dos copos de água como recipientes que contêm a experiência do poeta. A inclusão da data no título, 28/12/2014, fornece um contexto temporal ao poema.
No geral, o poema explora a perda de significado, a sensação de vazio e a busca por sentido em meio a emoções contidas e preservadas, refletindo uma experiência emocional complexa e introspectiva.