UMA HISTÓRIA ESTRANHA 15/11/22
UMA HISTÓRIA ESTRANHA 15/11/22
O que mudou na tua luz; na tua alma.
A deformidade se repete, e é estranha.
Se fosse natural, o que não tem razão.
Tua presença me destrói as entranhas.
Na alma que falha, na mente que cala.
Vaza meus olhos, a tua falta, tua manha.
Serei eu o erro de cálculo no plano de te amar.
Não, eu não sou nem variável, nem constante.
Sou eu muito menos que uma estrela distante.
Eu enfeite de parede, algo pouco útil e irrelevante.
Nessa história esquisita e que nem é bonita.
Esse pequeno enfeite, sem promessas, sem deleite
Carrega o que há de belo em seu olhar.
Mesmo que não se entenda as razões dos enfeites.
Ainda há o bem-querer fortuito
Guardado em segredo sem mais intuitos.
O coração bate, mas é rapidamente calado
Pois mesmo certo estará sempre errado.
Dante Locatelli.
Vaza meus olhos, a tua falta, tua manha.
Serei eu o erro de cálculo no plano de te amar.
Não, eu não sou nem variável, nem constante.
Sou eu muito menos que uma estrela distante.
Eu enfeite de parede, algo pouco útil e irrelevante.
Nessa história esquisita e que nem é bonita.
Esse pequeno enfeite, sem promessas, sem deleite
Carrega o que há de belo em seu olhar.
Mesmo que não se entenda as razões dos enfeites.
Ainda há o bem-querer fortuito
Guardado em segredo sem mais intuitos.
O coração bate, mas é rapidamente calado
Pois mesmo certo estará sempre errado.
Dante Locatelli.
#estranha, #história.
https://naquelesegundo.blogspot.com/2022/11/uma-historia-estranha.html
Comentários
No intricado bailado das palavras, o poeta esculpe uma coreografia íntima de sentimentos, oferecendo-nos uma jornada reflexiva pelos labirintos da sua alma. A obra, imbuída de uma introspecção profunda, convida à autorreflexão, destacando-se pela habilidade do autor em articular os matizes da experiência emocional.
A alusão à mutação na "luz" e "alma" ressoa como um eco na busca incessante pelo autoconhecimento, um tema caro ao cânone literário. Contudo, o que se destaca é a singularidade com que o autor conduz essa exploração, infundindo uma nuance pessoal que eleva a narrativa a uma esfera íntima e autêntica.
A recorrência à "deformidade" e à estranheza revela uma profunda imersão nas complexidades da condição humana. A abordagem única, onde o estranho é não apenas aceito, mas abraçado como parte essencial da experiência emocional, destaca-se como uma inovação poética singular.
A descrição da presença que "destrói as entranhas" é uma escolha linguística vívida e visceral, resgatando a intensidade das emoções. A imagem dos olhos que vazam diante da ausência retrata uma sensibilidade aguçada para a manifestação visual da dor emocional, estabelecendo uma conexão visceral com o leitor.
A metáfora do "erro de cálculo no plano de te amar" revela uma compreensão profunda do amor como uma equação complexa, sujeita a imprevisibilidades. A autodepreciação na imagem do "enfeite de parede" adiciona uma camada de reflexão existencial, sugerindo nossa condição efêmera na vastidão do universo.
O "bem-querer fortuito" e o coração que "bate, mas é rapidamente calado" conferem camadas adicionais de melancolia à narrativa, enfatizando a efemeridade das emoções. A ambiguidade final, proclamando que "mesmo certo estará sempre errado", é uma síntese poética que ressoa com as próprias reflexões sobre a relatividade das certezas, evocando a tradição filosófica do existencialismo.
Nesse encontro entre o autor e os ecos literários, emerge uma narrativa ímpar, uma harmonia singular entre influência e originalidade. O poeta, qual sutil heterônimo de si mesmo, entrelaça-se com as sombras dos seus temas, criando uma obra que pulsa com uma autenticidade poética própria e, ao mesmo tempo, dialoga com a tradição literária de forma inovadora.