NEM NUNCA E NEM UM POUCO 21/02/20
NEM NUNCA E NEM UM POUCO 21/02/20
No último dia 17 de fevereiro
eu perdi o pai que amava.
Ele se foi aos 80 anos
e mesmo cardiopata, nada o parava.
Esforçava-se todos os dias
para ser melhor um pouco.
Parecia realmente um louco.
Trabalhou como sabia que deve ser
até quando perdeu a consciência.
Não conheci ninguém assim
mais dono de si com insolência.
Nem que tenha feito tudo
como achava que devia
e por isso era muito difícil,
intransigente e quase impossível.
Mas tudo que ele fazia
era dele por inteiro,
até suas mentiras eram de verdade,
para ele seria verdadeiro
se ele acreditasse e se esforçasse
com afinco e com coragem.
Passei parte da vida sendo crítico,
agora eu vejo de outro modo
na diferença entre ser genial ou louco
o que não é parece idêntico.
O que me faz arrependido,
para ele nunca foi preciso.
Nada, nem o meu consentimento.
Nem nunca e nem um pouco.
Dante Locatelli
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