MEMÓRIAS DOENTES 07/02/19


MEMÓRIAS DOENTES 07/02/19

O que fiz
com o buraco no meu peito
parece esquisito
e ainda me dói quando me deito.

Ainda me mareja os olhos
turvando a minha visão
sem o choro, na verdade
é só a minha dor do não.

Que como um relógio cuco
que sai da casa
essa dor me fura o peito
dando-me o ar da sua graça.

Eu na minha vida diferente
de quem não tira
a tua imagem da mente
nem se quisesse,

pois a dor não se quer
só a levamos como se pudesse,
como se não houvesse escolha
em uma memória doente
sem poder esquecer
sem te tirar, sigo, em frente.

Sem poder esquecer
de tudo que não se quer lembrar
ver sem ver, querer sem ter
Viver sem viver, mas viver
por vezes sem se querer.

O que diria Deus
se pudéssemos tirar-lhe
a coroa de espinhos,
mas quem poderia
colocar-lhe a sua revelia.

Se tudo não passa de ilusão
o que pode ser a coroa
de uma separação se não
a coroa da minha redenção.

Dante Locatelli.

https://naquelesegundo.blogspot.com/2019/02/memorias-doentes.html

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