CARNE SONHADA 16/02/19
A CARNE SONHADA
Sempre que me abro ao mundo,
vou sozinho à tua procura.
De fato, espero ver-te livre
de tudo que não seja eu.
Eu sei: é puro devaneio meu.
Tenho as tuas fotos anônimas,
guardadas em lembranças,
de uma intimidade trocada.
Do meu prazer — mais que vivo
ele é assim, por ser tão sonhado.
Desse prazer, o gozo que provoca,
mesmo tu estando ausente,
sem deixar de estar aqui,
mais agora que quando presente.
Na minha alma, tu és a carne,
liquefeita em mim o prazer,
que a minha respiração
domina e a faz disparar,
e, por vezes, sufocar.
Eu, num gemido mudo,
num suspiro profundo,
e na alma — em êxtase lavada.
Acordo só, na rua anoitecida,
convivendo com o nada.
Dante Locatelli.
https://naquelesegundo.blogspot.com/2019/02/carne-sonhada.html
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