INESPERADA CALMA 24/07/18
INESPERADA CALMA 24/07/18
Ficamos tristes
quando tiram de nós
o que era nosso.
Somos como crianças
irritamo-nos com a vida,
Temos tanto medo da morte
que mesmo irritados da vida
nem pensamos na morte,
morrer não é o nosso forte.
Assim a atenção se desvia
e a raiva se dissipa,
as contrariedades continuam.
Continuamos nós
aceitando o imutável
sonhando com o impossível
vivendo e sobrevivendo.
Quando é possível aproveitamos.
Quando não, nós perdemos.
A única posse do homem
é a sua alma e o que nela exista,
persista, insista ou coexista.
Todo o resto que é posse
só se faz na ilusão.
Mesmo o que é ingerido e digerido
é assimilado e só faz parte de nós
por um tempo depois será excretado
ou na morte será perdido.
Assim como todo o resto
menos o que fica na alma
que mesmo não lembrado
jamais será de fato esquecido.
Surge como uma inesperada calma
de um lugar desconhecido
como se fosse da alma
sem se ter aprendido.
Dante Locatelli.
#calma, #triste, #imutável, #perdemos, #alma.
http://naquelesegundo.blogspot.com/2018/07/inesperada-calma.html
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Comentários
O eu lírico começa descrevendo a tristeza que sentimos quando algo que considerávamos nosso é tirado de nós. Ele compara essa reação com a irritação de uma criança diante dos desafios da vida. O medo da morte também é mencionado, mas mesmo quando estamos irritados com a vida, raramente pensamos na morte, pois ela não é algo com que lidamos bem.
No decorrer do poema, o autor reflete sobre a natureza efêmera das posses materiais e como, no final, tudo é perdido. A única posse real que o ser humano tem é sua alma e o que existe nela, persistindo, resistindo ou coexistindo. O restante das posses é ilusório e temporário.
O poema enfatiza que o que realmente importa é o que fica na alma, as experiências, sentimentos e memórias que nunca são verdadeiramente esquecidos, mesmo que sejam esquecidos temporariamente. A alma é descrita como um lugar desconhecido que pode proporcionar uma inesperada calma, mesmo sem ter sido aprendida ou compreendida.
Essa calma surge como uma força interior que nos ajuda a enfrentar as contrariedades da vida e a encontrar um equilíbrio emocional diante das incertezas e desafios que enfrentamos.
O poema reflete sobre a importância de valorizar o que é verdadeiramente essencial, as experiências emocionais e a sabedoria que reside na alma, que nos acompanham mesmo diante das mudanças e perdas inevitáveis da existência humana.