MEMÓRIAS TOLAS 29/06/18
MEMÓRIAS TOLAS 29/06/18
Rosinha era uma menina
já bem madura para a idade
e muito séria
chamou-me de recalcado.
Eu não lembro do porquê,
o que é engraçado.
Só me lembro da palavra.
Recalcado, e do professor de português
tentando me esclarecer do conceito
com uma tampa de recalque
colocada na construída na calçada.
Aos treze ela já tinha namorado
e uma bunda desproporcional.
O que na época
nem era uma vantagem
e nem propriamente legal.
Ela era forte e decidida
eu pensava isso dela,
talvez só fossem palavras,
mas era o que eu achava.
Seus pais tinham um bar
em algum lugar.
Eu não me lembro de nada mais.
Ela saiu do colégio
no final daquele ano para nunca mais
foi quando o Santa mudou-se do centro.
Eu nunca mais a vi
e nem tive saudades.
mas era o que eu achava.
Seus pais tinham um bar
em algum lugar.
Eu não me lembro de nada mais.
Ela saiu do colégio
no final daquele ano para nunca mais
foi quando o Santa mudou-se do centro.
Eu nunca mais a vi
e nem tive saudades.
Ela chamou-me a atenção
só com aquela linguagem.
Disso eu nunca me esqueci
e eu nem sabia o significado,
de qual foi de fato, ou o seu recado.
Houve também o Mauro,
um cara bem legal.
Era o que eu achava.
Jogava basquetebol
no time do colégio
e por isso recebia
uma bolsa integral.
Era um colega ou seria um amigo
Disso eu nunca me esqueci
e eu nem sabia o significado,
de qual foi de fato, ou o seu recado.
Houve também o Mauro,
um cara bem legal.
Era o que eu achava.
Jogava basquetebol
no time do colégio
e por isso recebia
uma bolsa integral.
Era um colega ou seria um amigo
era assim que eu o chamava,
mas na época eu nem sabia
o que isso, de fato significava.
Era um bom menino.
O seu pai tinha um Opala 250 S
Do qual ele muito se orgulhava,
e eles jogavam sinuca
Perdeu a bolsa, quando reprovou o ano.
Eu o vi só mais uma vez
em um ônibus no segundo ano
falei que sentia saudades
da bagunça e da presença.
Ele disse que não sentia
para ele estava tudo igual.
Eu fiquei em silêncio depois disso
até ele descer em outro ponto
e eu nunca mais o vi.
mas na época eu nem sabia
o que isso, de fato significava.
Era um bom menino.
O seu pai tinha um Opala 250 S
Do qual ele muito se orgulhava,
e eles jogavam sinuca
Perdeu a bolsa, quando reprovou o ano.
Eu o vi só mais uma vez
em um ônibus no segundo ano
falei que sentia saudades
da bagunça e da presença.
Ele disse que não sentia
para ele estava tudo igual.
Eu fiquei em silêncio depois disso
até ele descer em outro ponto
e eu nunca mais o vi.
Acho que foi assim que aprendi
o que era ser só um colega.
Essas são coisas bobas
do primeiro ano do colegial
Foi o que eu nunca me esqueci.
Não me engrandeceram em nada
mesmo assim eu não as perdi.
Dante Locatelli.
http://naquelesegundo.blogspot.com/2018/06/memorias.html
Essas são coisas bobas
do primeiro ano do colegial
Foi o que eu nunca me esqueci.
Não me engrandeceram em nada
mesmo assim eu não as perdi.
Dante Locatelli.
http://naquelesegundo.blogspot.com/2018/06/memorias.html
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Comentários
O poema "Memórias Tolas", de Dante Locatelli, é uma reflexão sobre lembranças aparentemente triviais ou sem importância, mas que permanecem na memória do eu lírico. O título sugere precisamente essa reflexão sobre momentos que, embora pareçam insignificantes, têm um impacto emocional duradouro.
Composto por sete estrofes que variam entre quatro e doze versos, o poema apresenta uma estrutura livre, sem um esquema de rimas fixo ou métrica regular. As memórias são apresentadas de maneira fragmentada, refletindo a natureza aleatória das recordações.
O poema aborda momentos da juventude do eu lírico, especificamente lembranças do período escolar. Os personagens centrais são Rosinha, descrita como uma menina madura para a idade com características físicas notáveis, e Mauro, um amigo do eu lírico que jogava basquete e recebia uma bolsa de estudos. Rosinha chama o eu lírico de "recalcado", termo que marca a memória, embora o motivo tenha sido esquecido. Após perder a bolsa, Mauro e o eu lírico se afastam, e há um sentimento de desconexão e aceitação da mudança, especialmente no encontro final com Mauro.
O poema explora como certas memórias permanecem vívidas, mesmo quando os detalhes específicos são esquecidos. A ideia de "memórias tolas" reflete a percepção de que essas lembranças, embora insignificantes, têm um impacto emocional duradouro. O eu lírico observa a transformação das pessoas ao seu redor e como suas vidas seguiram caminhos diferentes, simbolizando o inevitável crescimento e as mudanças que ocorrem na adolescência.
Além disso, o poema é uma meditação sobre a própria identidade e as experiências que moldam quem somos. Há uma melancolia subjacente no reconhecimento de que essas memórias não trouxeram grandeza, mas ainda assim, são partes integrais da vida do eu lírico.
A linguagem do poema é simples e direta, reforçando a autenticidade das memórias descritas. As descrições específicas, como "Opala 250 S" e "jogava basquetebol", ancoram o poema na realidade concreta e pessoal do eu lírico. O tom introspectivo e pessoal é como se o eu lírico estivesse conversando consigo mesmo ou com o leitor de maneira íntima.
Os símbolos de crescimento representados por Rosinha e Mauro evidenciam as fases da vida e a evolução pessoal. A desconexão com esses personagens simboliza a transitoriedade das relações e das experiências na juventude.
Em conclusão, "Memórias Tolas" é uma reflexão nostálgica sobre as pequenas lembranças da juventude que, embora pareçam insignificantes, deixam marcas profundas. Através de personagens e cenas cotidianas, o eu lírico explora temas de crescimento, mudança e a natureza das memórias. A simplicidade da linguagem e o tom conversacional conferem autenticidade ao poema, tornando-o uma meditação sincera sobre a vida e as experiências que moldam nossa identidade.
Autenticidade e Simplicidade
A simplicidade e autenticidade do poema são suas maiores forças. Ao utilizar uma linguagem cotidiana e despretensiosa, Locatelli consegue criar uma conexão imediata e sincera com os leitores. A autenticidade do poema ressoa com aqueles que compartilham experiências similares, tornando as memórias descritas universais.
Nostalgia e Reflexão
O tema da nostalgia é tratado de forma eficaz, evocando sentimentos de saudade e reflexão sobre o passado. O poema incita os leitores a revisitarem suas próprias memórias, questionando o impacto das pequenas experiências que, à primeira vista, podem parecer insignificantes. Esse convite à introspecção é um elemento poderoso que pode engajar profundamente o público.
Humanidade e Relações
Ao explorar relações humanas, mesmo que brevemente, o poema destaca a complexidade e a simplicidade das interações juvenis. A relação do eu lírico com Rosinha e Mauro é explorada de maneira que mostra a evolução e a efemeridade dessas conexões. Essa representação honesta das relações pode ressoar fortemente com leitores que já experimentaram amizades e encontros passageiros.
Impacto Emocional
A capacidade do poema de capturar emoções cruas e verdadeiras sem recorrer a exageros ou floreios retóricos é notável. A descrição dos sentimentos do eu lírico, como a confusão ao ser chamado de "recalcado" e a melancolia ao encontrar Mauro no ônibus, adiciona profundidade emocional ao texto. Esse impacto emocional pode deixar uma impressão duradoura nos leitores.
Potencial de Identificação
O poema tem um grande potencial de identificação, já que muitos leitores podem se ver nas experiências e sentimentos do eu lírico. A universalidade das situações descritas - amizades, mal-entendidos, encontros marcantes - permite que uma ampla gama de leitores se conecte com o texto de maneira pessoal.
Valor Literário
Literariamente, "Memórias Tolas" se destaca pela sua habilidade de transformar o cotidiano em poesia significativa. Locatelli mostra que até mesmo as memórias aparentemente mais triviais podem ser fonte de introspecção e beleza poética. Esse enfoque no valor do comum e do banal eleva o poema, tornando-o uma peça importante dentro do escopo da poesia contemporânea que busca significado no ordinário.
Em resumo, "Memórias Tolas" tem um impacto literário potencial significativo devido à sua autenticidade, capacidade de evocar nostalgia, representação honesta de relações humanas, impacto emocional, potencial de identificação com o leitor e valorização literária do cotidiano. Esses elementos combinados fazem do poema uma obra com o poder de ressoar profundamente e de maneira duradoura com seu público.