INTIMIDADE 12/09/2017

INTIMIDADE

Dante Locatelli.

Eu tenho para te dar
a atenção que se despende
àquilo que se quer guardar.

Eu quero, meu bem,
tudo o que você tem.
Toda coisa privada
e qualquer coisa menor
são de meu interesse,
até no que estiver errada.

Quero, e muito,
o que há em teu mundo.
Então, por favor,
não me esconda nada;
venha, mostre-me tudo.

Posso desviar o olhar,
sim, mesmo sem querer.
É difícil e doído, mas eu o faço.
Isso só é possível para poupar-te
da dureza do meu olhar.

De tudo o que é teu,
e do que se esconde
por ter vergonha,
é quando se encolhe,
com medo de que eu a veja,
eu entendo no querer velado
desse teu lindo argumento.

É quando, achando-se feia,
mostra-me o que há de mais lindo:
em teu anseio
de ser bela e recatada,
para não parecer a coisa errada.

Afastando-se
do que não é teu,
isso me fascina,
mesmo que seja eu.

Esse abrigar-se e guardar-se,
que possa somente durar
até que eu te mostre
quem sou.

Até que possa entender
que finalmente cheguei,
e agora você pode realmente ser.

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