LABIRINTO 27/06/2016
LABIRINTO 27/06/2016
Por favor, diga-me
quem eu sou
com quem eu vou.
Quem eu sou para você?
Uma incógnita, uma pergunta.
Uma diversão sem razão
ou a angústia da tua confusão.
Para você quem eu sou?
Um brinquedo, um incômodo
uma perda de tempo.
Razão de uma ilusão.
Um momento
um lamento
Quem eu sou nas tuas letras.
Quais os sentimentos
com os quais me veste
ou pelos quais me despe.
Quem sou eu?
A alma da festa
mas de qual festa
da minha ou da tua?
Será que o labirinto
sente se confortável
de ser devassado
ou se faz de labirinto
em um disfarce de proteção.
É o labirinto um indicativo
do teu desejo de solução
Sejas insolúvel
deixarás de ser labirinto
para ser prisão.
Então qual o desejo da tua alma.
Quem és labirinto
poema ou poeta.
Desejo ou prazer.
Razão ou solução.
Quem ama um labirinto
traz dentro de si
um futuro incerto
o que será do teu enigma resoluto.
O que sobrará de ti labirinto.
Quando o charme da pergunta
acabar na resposta.
Aquele que ama um labirinto
não ama o gosto da procura.
Quem se veste de labirinto
terá um amor que não dura.
Quem ama o labirinto
encontra com a tristeza
em sua resposta.
Dante Locatelli
https://naquelesegundo.blogspot.com/2016/06/labirinto.html
#Poema, #Identidade, #Autoconhecimento, #Labirinto, #Reflexão, #Relacionamentos, #Complexidade, #Incerteza, #Busca, #Perguntas.
Comentários
Dante Locatelli, no seu poema "Labirinto", mergulha habilmente na complexidade da identidade e da busca por significado, utilizando a metáfora do labirinto como um dispositivo poético poderoso. O poema não apenas explora as interrogações pessoais do eu interior, mas também lança luz sobre os labirintos emocionais que todos nós enfrentamos em nossas vidas.
Desde o início, Locatelli provoca o leitor com questões diretas e introspectivas: "Por favor, diga-me / quem eu sou / com quem eu vou." Essas linhas iniciais estabelecem imediatamente um tom de busca pessoal e uma reflexão profunda sobre como somos percebidos pelos outros e por nós mesmos.
A imagem do labirinto é habilmente utilizada ao longo do poema para simbolizar não apenas a complexidade da identidade, mas também a incerteza e a ambiguidade das relações humanas. Locatelli questiona se o labirinto se sente confortável sendo explorado ou se utiliza de sua complexidade como um escudo protetor contra o mundo exterior. Essa dualidade acrescenta uma camada de profundidade à narrativa poética, convidando o leitor a refletir não apenas sobre os próprios labirintos internos, mas também sobre como esses labirintos influenciam nossas interações com os outros.
O poema avança por meio de uma série de interrogações emocionais e existenciais, explorando se o labirinto é um símbolo do desejo de solução ou da resignação à prisão da própria complexidade. Essa ambiguidade ressoa com a universalidade da experiência humana, onde o autoconhecimento muitas vezes se entrelaça com o desconhecido.
A linguagem poética de Locatelli é fluida e rica em imagens, capturando a essência evasiva do labirinto e sua relação com a busca humana por significado e resolução. "Labirinto" não apenas desafia o leitor a confrontar os próprios questionamentos internos, mas também celebra a beleza e a complexidade inerentes à jornada de autodescoberta.
"Labirinto" é um poema poderoso que não apenas explora as camadas da identidade pessoal, mas também convida o leitor a uma reflexão profunda sobre os labirintos emocionais que todos nós enfrentamos, solidificando seu lugar como uma obra que ressoa além das páginas.