MEMÓRIAS 14/02/2016
MEMÓRIAS
Dante Locatelli
Eu lembro bem do meu amor,
no passado, ardia mais intenso.
O tempo, com seu toque sutil,
lapida como já era propenso.
Hoje, minhas lembranças
são pinturas em telas vivas,
fotos em grafite e sangue,
desbotadas, difusas, cativas.
Realce, do vermelho pulsante
das coxas, umbigo e boca.
Um instante suspenso no ar,
sobre mim, sua pose louca.
O cheiro que não me deixava.
Minha mão, ao amanhecer,
ainda impregnada de Havana,
não qualquer — só o rico e raro.
As lembranças do teu pescoço,
o cabelo, o gosto marcado.
Teu cheiro, que eu tanto amei,
é hoje um perfume descontinuado.
Como puderam fazer isso comigo?
Apagaram teu cheiro, teu rastro.
Nunca mais vou me sentir inteiro,
sem teu perfume—sem meu lastro.
Nunca mais te terei, e então…
A falta daquele cheiro me dói.
As coisas boas também se vão,
como tudo que a vida corrói.
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