A PRAIA DESERTA 31/01/2016
NA PRAIA DESERTA
Por que será que a natureza, tão bela,
parece mais bela assim, sozinha,
imaculada e vazia?
Com sua face de potência,
parece suplicante por alguém
que ponha um fim em sua latência.
Olhando para um espaço vazio,
eu me sinto vazio,
como se o vazio fosse meu.
Sonhar em fazer o vazio virar vida,
florescer em prazer.
Vejo, na beleza vazia,
um desejo de completude,
que não é dela, é meu.
Há, no vazio, o cheiro do possível.
A vida é assim: ela odeia vazios.
Ela quer preencher esses espaços,
crescer e ocupar,
colocar ali suas raízes
para florescer.
Sou como a vida.
Atrai-me o vazio.
Quero, nele, colocar esperança.
Quero, nele, criar beleza
e, nele, esquecer das tristezas.
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