FINADOS
FINADOS
Hoje
é dia dos mortos.
Eu
não gosto desse dia.
Tenho
uma má lembrança
recordação da minha infância
recordação da minha infância
Nada
de mal,
só
uma desagradável lembrança.
Não
tem a ver com comportamentos paternos
ou
obrigações religiosas.
Foi
só um fato fortuito e infeliz
ocorrido
neste dia a muitos anos.
Nada
tão importante
que
devesse ser lembrado como lição
para
toda humanidade,
É
isso ou quem sabe.
Ensinou-me
cedo
a
não fazer de meu
aquilo
que não fosse meu.
Guardo
a lembrança daquele dia
Como
um engasgo
apertado
no peito em vergonha
Algo
completamente justificado.
Eu
fui roubado.
Tomaram-me
o que não era meu.
Sobrou
para mim a vergonha de contar
Foi
pouco, não foi nada.
A
vida continuou sem estragos
Nada
se perdeu de raro,
mas
o que ocorreu, apesar de tudo
parece
que o meu eu
daquilo
nunca se esqueceu.
Pensado
nisso hoje,
foi
muito barato o preço
Foi
quando eu aprendi
a
dar valor ao que é meu
a
respeitar o que não é.
Como
podem viver
os ladrões e corruptos,
os ladrões e corruptos,
com
o risco de serem pegos,
com
o risco da vergonha.
Ficaria
eu insone
sobre
minha maculada fronha.
Depois
de tudo isso,
ainda
falam mal dos traumas.
Nossa humanidade deturpa tudo.
Queremos
mandar nas almas.
Todo
mundo quer mandar no mundo
Sem
fazer por merecer
Acham-se
donos da verdade,
donos
do saber.
Sinceramente
eu acho
que
o que falta na humanidade
é
uma boa dose de humildade.
Dante
Locateli
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