MORTE 18/07/2015


MORTE


No dia 21 último comemorou-se,
com o lançamento de um livro,
o aniversário de nascimento
de nosso saudoso Machado.

Muito se falou da tristeza de Machado
após a morte de sua querida esposa
no começo do século passado.
Eu entendo a dor da falta,
do seu sofrimento após a ida,
mas por que morremos?

Morremos porque vivemos
e não porque merecemos.
Ou será a morte merecida?
Não pode ser a morte um presente
para quem agora está ausente?

Sofre o vivo do abandonado
em sua forma final,
sem escolha e sem culpa.
A vida é uma dádiva,
o morto vai ao enterro vestido,
mas a alma vai despida.
A morte é uma dádiva também.

Quem quer, após algo perder,
agora é tarde, sabe quer mais
o que jamais poderá ter.
Tende a ver que o amor aumenta.

Sofre assim quem é abandonado.
O morto que está em seu conforto
não sente nem a falta, nada.
Quem sofre é o amante
que fica chorando pela amada.

Deveríamos chorar por nós que ficamos
e não pela falta de sorte do morto
que agora vemos fácil que amamos.

Será que o morto está chorando
ao deixar a vida que sofre?
Ao ver a verdade no pós-morte,
será que este estará chorando
a perda dos que tinha em vida?
Eu não sei, mas espero que sim.

Entramos nessa dança
e mantemos a nossa crença.
Na chance, fazer a diferença.
Saiba de sua sorte imensa.
Eu digo aplaudindo, parabéns!

Saiba não são todos os mortos
os que têm este tino na vida.
A maioria não tem essa sorte
de chorar por alguém que ama
de verdade em sua morte.

Sinceramente, é o amante
sofre com ou sem a sua morte.
Não importa se é quem vai ou fica,
sofre quem perde o que nunca
ou jamais vai deixar de ter.

Dante Locatelli

http://naquelesegundo.blogspot.com.br/2015/07/morte.htm

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Comentários

Anônimo disse…
O poema "MORTE" de Dante Locatelli oferece uma reflexão sobre a morte e o sofrimento dos que perdem seus entes queridos. Vamos analisar detalhadamente os elementos e temas presentes no poema.

Reflexão sobre a Morte
O poema explora a natureza inevitável da morte e questiona se ela é um castigo ou um presente. A morte é apresentada não como uma punição, mas como uma consequência natural da vida:

"Morremos porque vivemos, não porque merecemos."

Sofrimento dos Vivos
Há uma ênfase no sofrimento dos que ficam após a perda de um familiar. O autor questiona a razão de chorar pelos mortos quando, na verdade, quem sofre são os vivos:

"Sofre o vivo do abandonado de forma final, Sem escolha e Sem culpa."

A Morte como Dádiva
O poema também sugere que, assim como a vida, a morte pode ser vista como uma dádiva divina. Essa perspectiva traz uma dualidade à visão tradicional da morte:

"A vida é uma dádiva de Deus, O morto vai ao enterro vestido, mas a alma vai sem roupa, não é a morte uma dádiva também?"

A linguagem do poema é introspectiva e filosófica, com o uso de perguntas retóricas que convidam o leitor a refletir sobre o significado da morte e do sofrimento:

"Ou é por que merecemos? Não pode ser a morte um presente para quem agora é ausente?"

O tom melancólico permeia o poema, refletindo a tristeza e a dor da perda. O uso de palavras como "sofre," "chorando," e "abandonado" intensifica essa atmosfera:

"Quem sofre é o amante que fica chorando pela amada."

O poema é composto por versos livres, sem uma métrica rígida ou rima regular. Isso dá ao texto uma fluidez que reflete a natureza contínua e incontrolável do pensamento sobre a morte e o sofrimento.

A repetição de ideias e palavras-chave como "sofre," "morte," e "vida" reforça os temas centrais e cria uma coesão interna no poema:

"Sofre assim quem é abandonado. O morto que está em seu conforto não sente mais nada."

As imagens da morte são usadas para transmitir a transição da vida para a ausência física. A metáfora da alma indo ao enterro "sem roupa" sugere a pureza e a vulnerabilidade da existência pós-morte:

"O morto vai ao enterro vestido, mas a alma vai sem roupa."

O poema simboliza o amor como uma força que intensifica o sofrimento com a perda, sugerindo que o verdadeiro sofrimento está na ausência de quem se ama:

"Acho sinceramente é quem ama que sofre com ou sem a morte, não importa se é que vai ou se é quem fica, sofre quem perde sem nunca deixar de ter."

"MORTE 18/07/2015" de Dante Locatelli é uma contemplação sensível e profunda sobre a morte e o sofrimento. O poema nos leva a considerar a inevitabilidade da morte, o sofrimento dos vivos, e a possibilidade de ver a morte como uma dádiva tanto quanto a vida. Por meio de uma linguagem reflexiva e um tom melancólico, o autor nos oferece uma meditação que ressoa com a universalidade da experiência humana frente à perda.

O poema é relevante para qualquer leitor que tenha experimentado a perda de um familiar, oferecendo uma perspectiva que busca consolar e entender o sofrimento. Ao questionar as concepções tradicionais sobre a morte, Dante Locatelli convida à introspecção e à busca de significado na experiência do luto.

Esta análise pretende honrar a complexidade e a profundidade do poema de Dante Locatelli, oferecendo uma visão abrangente dos seus elementos temáticos, estilísticos e simbólicos.

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