NA FILA 16/01/2015


NA FILA 16/01/2015

Em um dia atribulado,
tive de parar e ir ao banco.
Correndo entre afazeres.
Após o boleto sumido
só ficou o cartão de crédito
atrasado e vencido.

Subi voando as escadas
até a sobreloja e lá me deparo
com a sala de espera lotada
Tive de descer à entrada
na central de autoatendimento
pegar a senha e voltar à fila,
puto pela perda de tempo.

Fiquei ali na fila
com outras pessoas.
Reparei agora em seus aparelhos
nas pessoas ali entretidas
entre jogos e programas.

Olhava a fila vagarosamente
se solucionando com o aumento
do número no painel eletrônico.
Inicialmente fiquei chateado.
Esqueci o celular no carro, trancado.

Sem ter como passar o tempo,
respirei fundo então
pude ver tudo esperando.
O casal a minha frente.
Conversando e gesticulando.

Ela e um moço.
Ela com sua grande tatuagem
que das costas
subia-lhe ao pescoço.
Uma bela menina de cabelos
longos, negros e lisos.
De uma pele morena e traços finos.

Lembrou-me ela de uma amiga minha.
Eu pensei na dor à tatuagem,
arrepiei-me com a vaidade dela.
Senti em mim as agulhas
como que me tocando o osso.

O seu companheiro
muito parecido com ela,
podem até serem irmãos.
Companhia é boa maneira
de passar o tempo esquecido.
ele de barba e finas mãos.

Reparei então do outro lado
uma senhora de trinta e poucos
distraída com seu celular
em um daqueles jogos sem fim.
Outra moça essa de seus vinte anos.
Perdida entre ler e digitar
sem parar entretida.

Eu fiquei ali a pensar,
em antigamente nas filas
nas pessoas em pé enfileiradas
só se viam as costas dos outros
fila que se contava pelas cabeças
que ficavam assim alinhadas.

Hoje eu aqui sentado olhando a todos
o painel a piscar e tocar.
Pensei na grande perda de tempo
que eram as filas.
Passamos a vida a esperar nelas.

A própria vida é uma fila.
Que recobre outras filas.
Esperando do café ao jantar
dentre tantas outras esperas.
Círculos de horas
que se fecha em esfera.

Que sejam as filas
de maior ou menor conforto,
em pé, sentado ou deitados.
Estamos sempre esperando
Muda somente a frequência
o tempo ou o momento torto
do próximo acontecimento

Estamos sempre a esperar.
Vivemos ou não estes momentos
entretidos em prazeres
fáceis ou difíceis,
que para nos é passatempo.

Jogos e outras distrações
entre os acontecimentos.
Pensei então como a vida
é curta e como passa
louca como o vento.

A vida inteira nós passamos
em filas esperando
coisas que por vezes não são nada,
e mesmo que sejam se vão
depois na vida são só incorporadas.

Na memória fatos
que se confundem
como uma caixa cheia de fotos.
No final tudo só fica
como uma história
quando contata são somente
as nossas verdades.

O que mais ficou foram às filas,
o que se fez enquanto se esperava
enquanto o tempo passava
nós que desatamos dentro delas.
Enquanto na fila se espera.

Dante Locatelli.

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