A PRAIA 12 06 25

 

A PRAIA 

O local limite do mar.

Dali em diante o mar acaba.

A poça de lagrimas gigante

dá lugar de repente ao chão

um apoio, podemos nos erguer

e ficar em pé sem flutuar.

Quem não respiram sob a água

terá o alento 

de fechar os olhos e dormir

sem o risco de sufocar.

Nada mais virá do fundo

em um momento invisível

colocar-me em perigo.

Morder a minha carne sem aviso.

Aqui em pé na costa é onde 

o mundo finge fazer sentido

só ficou a impressão que se repete.

São só meus sentimentos

que me deixam a noite acordado

medo sem razão de morrer sufocado.

Os meus delírios
arrancam pedaços da minha carne

Em mordidas de fantasmas
que me atacam e me devoram

em caminhos invisíveis.

São só meus pensamentos

que ainda me fazem flutuar

Deixam-me lutar para sobreviver 

em manter a cabeça a tona

uma luta incessante e inclemente

perdida em cada piscar do olhar

no profundo do inconsciente.

 A praia não é só o sonho dos náufragos

é o caminho dos poetas suplicantes.

O naufrago ao menos sonha com o lugar

onde sempre a dor acaba com o mar.

O poeta é o náufrago da desperança

não há praias em seus pensamentos

Há somente os sonhos e os colos

Salva-vidas temporários

nos quais nos arriscamos

em abrir feridas, e sufocar

arriscando perder a vida.

É por isso que o mar

é o lugar dos poetas.

Lá que encontramos os iguais.

Os que saem vitoriosos das águas

e os que passeiam pateticamente

na margem dos sentimentos.

Dante Locatelli



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