Para alguém que não sente…
Para alguém que não sente…
Para alguém que não sente,
não tem fome,
não tem sede,
alguém que só quis agradar.
Esse foi o máximo do teu gozo:
o meu esforço.
Quando a cena basta com orgasmo
e convive com desejo real
de alguém que —
isso…
não é nada, afinal.
Desculpe-me,
mas te desejar é morno.
E não há nada pior que o morno
para alguém que deseja o calor
de quem vive gelado.
Porque o frio,
ao menos, é sincero.
O morno —
esse…
finge que te quer.
Queria te ver gozar de verdade,
sem falsidade,
só prazer puro —
um espelho
sem bondade.


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