Para que sente




Para quem sente…

Dante Locatelli

Para alguém que não sente,
não tem fome,
não tem sede,
alguém que só quis agradar.

Esse foi o máximo do teu gozo:
o meu esforço.
Quando a cena basta com orgasmo
e convive com desejo real
de alguém que —
isso…
não é nada, afinal.

Desculpe-me,
mas teu desejar é morno.
E não há nada pior que o tépido
para alguém que deseja calor
de quem vive gelado.

Porque o frio,
ao menos, é sincero.
O morno — esse…
finge que te quer.

Queria te ver gozar de verdade,
sem falsidade,
só prazer puro —
um espelho
sem bondade.

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