O AMOR O Livro Definitivo Capítulo: Quando o Amor Deixa de Ser Norte.

 O AMOR 
O Livro Definitivo


Capítulo: Quando o Amor Deixa de Ser Norte.

Introdução: O Amor como Bússola Existencial

Colocando de forma estrutural: investimos no conceito de amor porque ele é significativo. Se você acredita que ele não é significativo, que é ilusório, frágil e equivocado, então coloca outros parâmetros para direcionar a vida. Essa mudança não é meramente teórica. É um reposicionamento profundo da alma humana. Quando o amor deixa de ser bússola, a alma busca outros nortes — mas quase sempre mais frios.

A Crítica à Descrença Lacaniana no Amor

Se a pessoa, influenciada por Lacan ou por discursos estruturalistas, deixa de acreditar no amor como força significativa, precisa preencher o vazio deixado por esse valor perdido. Os novos nortes surgem como substitutos funcionais:

  • Poder

  • Produtividade

  • Autossuficiência

  • Estabilidade emocional a qualquer custo

  • Prazer imediato e negociável

O amor é substituído por valores mais práticos, mensuráveis e, sobretudo, gerenciáveis. Mas o preço disso é que a vida se torna mais controlável, sim — mas menos viva.

O Amor como Eixo Simbólico da Existência

Se o amor é retirado da condição de princípio estruturante da existência, então a vida passa a ser guiada por sistemas que não têm profundidade nem transcendência. A funcionalidade substitui o significado; o lucro, o encontro; a métrica, o sentido. A alma, sem seu norte amoroso, se torna uma gestora eficiente de vazios.

Contratos e Aplicativos: O Amor como Parceria Racional

Na modernidade, o amor é muitas vezes retratado como contrato. Parceria de duas vias. Conta bancária emocional. Compatibilidade como critério. O amor virou produto e perfil, clicável e comparável.

A racionalização afasta o êxtase. A emoção se torna item negociável. Aplicativos vendem a ilusão do controle sobre aquilo que, por natureza, escapa ao controle.

O Contraponto Psicanalítico e Poético

Freud nos lembra que o amor é perturbação. Que não há defesa contra o sofrimento que o amor causa. Que amar é expor-se ao indizível.

Lacan vai além: "Amar é dar o que não se tem a quem não o quer." O amor é falta que se oferece, encontro de desejos desencontrados. Por isso é sublime.

Poetas como Breton celebram o amor louco: l'amour fou. Esse amor que não cabe no contrato, que não se assina nem se mede.

Alain Badiou propõe o amor como aventura: "O amor sem risco é impossível". Amar é perder-se, para encontrar juntos um mundo que antes não existia.

Reflexão Final de Dante Vitoriano Locatelli

"Enquanto o amor for um valor central, a vida gira ao redor do encontro, da entrega, da esperança. Mas quando o amor é esvaziado — por ceticismo, por teoria ou por dor — a alma procura outros nortes: carreira, prazer, controle, consumo.

Nada disso preenche.

Só ocupa o lugar deixado por aquilo que um dia foi o centro."

Este texto será parte do capítulo especial de O Livro Definitivo do Amor, entre as seções de crítica contemporânea e visões poéticas. A intenção é mostrar ao leitor que acreditar no amor é também uma escolha filosófica, e que essa escolha define o tipo de vida que se vai viver.

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