A Queda dos Sonhos e o Eco do Amor
A Queda dos Sonhos e o Eco do Amor
Às vezes, o problema não é sonhar, mas acreditar que os sonhos são promessas. Como se a vida tivesse a obrigação de nos devolver tudo o que imaginamos, como se o amor fosse um contrato e não uma aposta.
Mas os sonhos se perdem, como se dissolvessem no tempo, como se nunca tivessem sido nossos. E a dor queima não só pela perda, mas pela descoberta de que talvez tenhamos sonhado sozinhos.
As quedas nos fazem crescer, dizem. Mas crescer para quê, se no fim apenas aprendemos a cair melhor? Como crianças de joelhos ralados, como garotos descendo a rua no carrinho de rolimã, perdemos um pedaço de nós em cada descida. Perdemos unhas, ilusões, certezas. E, aos poucos, nos perguntamos: onde está o amor em tudo isso?
Onde estão aqueles que deveriam nos amar também? Para onde foram aqueles por quem sangramos? E o mais cruel: será que algum dia estiveram aqui de verdade?
A resposta vem como um golpe seco. A culpa é nossa. Não por amar, mas por não enxergar que só nós amamos. Que enquanto nos doávamos, o outro apenas aceitava. Que enquanto sangrávamos, o outro apenas olhava. Eles não têm culpa por não sentirem o que não podem. Mas nós, sim, temos culpa por insistir em esperar o impossível.
E assim seguimos, prisioneiros do que somos. Porque só quem ama, é que ama. O resto observa, ri, acha graça nesse circo onde nos tornamos espetáculo da nossa própria dor.
E como um galo, subimos na pilha de ilusões quebradas para cantar. Para gritar ao mundo, para nos fazer ouvir – mesmo sabendo que, no fundo, estamos sozinhos no topo do monte de merda que chamamos de amor.



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