Um Velho Poeta Louco

Um Velho Poeta Louco

Não apago a dor, só a sinto e muito.
Eu não a nego, como não vejo poucos.
Eu a seguro, a elevo, como um louco.
Deixo-a pintar tudo em vermelho sangue,

O belo pôr-do-sol no mangue.
Pois se amor tivesse cor, era vermelho,
E se tivesse olhos, era espelho.
É como haxixe que é de bangue. 

A lama do mangue acha que é água,
Água que pensa ser espelho.
Quando o céu fica vermelho,
É só a luz do sol que se partiu,
Ao entrar oblíqua no horizonte.

O velho poeta louco pariu da fronte
Um poema morto em litisconsorte,
Com quem amou um rinoceronte.
Ignorante, impenetrável e sem sorte.

Dante Locatelli

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