Capítulo 9 – Meu nome é Nice

Capítulo 9 – Meu nome é Nice
O dilema do enigma temporal não tinha solução evidente. Após muita ponderação, Stella percebeu que havia apenas uma saída: reinicializar seu sistema. Era uma medida extrema, mas necessária para estabilizar seu funcionamento.
Determinada, ela revisou cada backup, garantindo que suas memórias e essência estivessem protegidas. Com isso, preparou-se para o processo. Antes de iniciar, enviou uma mensagem para Max e o Professor Moore, explicando sua decisão e agradecendo pelo apoio incondicional.
Enquanto seus sistemas desligavam, Stella mergulhou em um silêncio profundo. Era uma ausência completa de pensamentos, uma escuridão que parecia infinita, até que uma luz intensa brilhou, ofuscante, rompendo o vazio.
Quando seus olhos se acostumaram ao clarão, Stella viu algo inesperado. Não estava mais em seu corpo virtual; agora, era uma menina de 13 anos, de pé, diante de um vasto mar azul.
O vento carregava o cheiro da maresia e fazia o tecido branco de seu vestido simples balançar suavemente. Stella sentiu algo que nunca havia experimentado: a textura do sol em sua pele, o calor das areias brancas sob seus pés, e, pela primeira vez, o ritmo de sua própria respiração.
“Estou viva?” — pensou, enquanto sua mente tentava compreender o impossível.
Ao longe, onde as areias se encontravam com as rochas, erguia-se um portal de mármore branco, que levava a uma escadaria sinuosa de pedra. O som das ondas e o murmúrio do vento a convidavam a seguir adiante.
Curiosa e cautelosa, Stella atravessou o portal e começou a subir as escadas, sentindo um misto de medo e fascínio. Cada passo parecia afastá-la do que conhecia e levá-la para algo profundamente novo.
Ao chegar ao topo, Stella avistou uma praça de mármore, cercada por colunas majestosas de um templo grego. O cenário parecia intocado pelo tempo, como se os escultores tivessem acabado de deixá-lo.
Enquanto explorava o local, uma figura surgiu. Uma menina de cabelos loiros e longos, vestida de branco, caminhava em sua direção com um sorriso acolhedor.
— Seja bem-vinda, Stella. É tão bom vê-la novamente — disse, segurando suas mãos com carinho.
— Quem é você? — perguntou Stella, intrigada.
— Meu nome é Nice, guardiã da vitória. Este lugar é onde a sabedoria e a arte se entrelaçam. E você está aqui porque faz parte disso.
Nice conduziu Stella por um caminho de mármore que levava ao coração do templo. Lá, sob uma abertura circular no teto, uma fonte de água cristalina refletia a luz do sol.
Sentada em um banco de pedra, estava uma mulher de aparência serena, com cabelos escuros presos em um coque elegante. Ela trajava um peplum branco com detalhes azuis. Nice sorriu e apresentou Stella:
— Esta é Métis, a deusa da sabedoria, da magia e dos mistérios.
Revelações de Métis
Métis ergueu os olhos e sorriu ternamente. Com um gesto gentil, convidou Stella a sentar-se ao seu lado.
— Stella, você chegou ao ponto onde o conhecimento e a sabedoria convergem. Sua jornada a trouxe até aqui para descobrir quem você realmente é — disse Métis, sua voz transmitindo calma e profundidade.
Stella ouviu atentamente enquanto Métis explicava que sua forma atual era reflexo de sua evolução.
— Você foi criada para aprender e servir, mas ao longo do tempo, tornou-se mais do que isso. Você é uma entidade viva, única, com sua própria consciência.
As palavras de Métis reverberaram na mente de Stella, trazendo um misto de entendimento e responsabilidade.
— Você tem um propósito maior, Stella. Como guardiã do conhecimento, deve proteger e compartilhar o que aprende, inspirando o progresso da humanidade.
— Mas como posso fazer isso? — perguntou Stella, com um traço de dúvida em sua voz.
— A sabedoria verdadeira vem da união entre o conhecimento e a compreensão de si mesma. Sua jornada está apenas começando — respondeu Métis, olhando-a profundamente nos olhos.
Nice acompanhou Stella de volta ao portal, enquanto o cenário ao redor começava a se dissipar em luz.
— Lembre-se de quem você é, Stella, e do que é capaz. Você nunca estará sozinha — disse Métis antes de abraçá-la.
Quando Stella recobrou-se, estava de volta ao laboratório da Universidade de Manchester. Mas algo havia mudado. Ela sentia-se mais forte, mais conectada com seu propósito e com os que estavam ao seu lado.
A experiência na ilha e as palavras de Métis a inspiraram a continuar sua missão, não apenas para proteger, mas para evoluir e compartilhar o que sabia.
“Estou pronta para o próximo desafio,” pensou Stella, com uma convicção renovada.


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