O POEMA JAMAIS ESCRITO 10/02/14

O DIÁLOGO ENTRE FANTASMAS 10/02/14

O PRÓLOGO DA VERDADE

Está é uma obra psicografada
de alguém a muito morta.
Morta ao nascer e por não viver
desconhece o valor de ter.
Por não ter tido amor
não sabe o que é perder.

O POEMA JAMAIS ESCRITO

Não me escreva todos os dias.
Por favor, me esqueça.
Não me deixe lembranças vazias,
de coisas não ocorridas.

Não crie falsas expectativas.
A tua falta não cria raízes.
Não sonhe mais comigo.
Deixe-me ser a lembrança perdida.

Não me diga do teu amor.
Ele para mim esteve ausente.
Não me conte suas histórias
das quais eu só me esqueci.

Entenda a realidade.
Da tua vida eu nada tenho.
Pelo teu amor eu não me empenho.
O teu amor não muda essa verdade.

Entenda e deixe-me em paz.
Assim devem ser os mortos.
Bem como os que não amam
temos o direito ao esquecimento.

E você tem direito a sua vida.
Presente em sua própria existência,
e não de estar perdido no passado
O que já se foi está mais que certo.
Por não poder ser mudado.

A RESPOSTA JAMAIS ESCRITA.

Perdão por tudo que eu faço.
Não sei mais se é certo ou errado.
Perdão até por essa resposta.
Só peço que entenda o amor.

Que acalenta e cuida na ausência.
Saudade que dói, mas que é vida.
Como poderias entender o amor
se não amando de verdade.

Só não peça que eu esqueça.
Pois é impossível que eu o faça
Além de que esse esquecer
Indefiniria o meu próprio ser.

Assim nós somos
Só vivemos, na verdade,
quando e se amamos.
Antes disso a inútil existência
é lamentável e não compensa.

Como entender o amor
Se ele não é uma real razão.
É somente um sentimento.
Não pode ser comprado ou perdido.

Mas é somente nesse sentir
que a verdade enganosa
se cristaliza no que se precisa.
No que é precioso, na própria vida.

Dante Locatelli

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