A MINHA AVÓ 04/07/2016



A MINHA AVÓ

O que dizer da morte.
Como falar sobre quem já foi
para quem ficou, nessa vida
quando ela é como a noite.

O que dizer para quem irá também
seja como for, ninguém sobreviverá.
O que falar da morte nessa hora,
sobre o ontem que se foi
já há muito tempo agora.

O que se poderia dizer
sobre algo que não muda
e sobre o que nada há a se fazer.

A minha avó Adelaide morreu.
Ela era filha de italianos,
tinha cabelos loiros e lisos,
de olhos azuis-claros,
nasceu sob o signo de Leão.

Domingo, ela cantava no coral,
e no almoço depois da missa
sempre tinha massa fresca
feita no dia dominical.

O molho vinha de véspera,
ficava no fogo desde sábado,
ao sugo, com brachola ou porpeta.

Eu nunca provei sua comida,
ela morreu jovem e linda,
antes do dia em que nasci.

Ela se foi, mas ficaram as histórias
contadas pela minha mãe,
que cantava a sua glória,
quando a família se reunia.

Histórias são relíquias de família,
como qualquer outra joia.
Faziam minha mãe reviver
o seu orgulho de filha.

Dante Locatelli

https://naquelesegundo.blogspot.com/2016/07/minha-avo.html

#Morte, #Memória, #Família, #Histórias, #Herança, #Saudade, #Tradição, #Italianos, #Infância, #AmorMaterno, #Dante, #Locatelli.

Comentários

Anônimo disse…
Este poema, "Minha Avó", escrito por Dante Locatelli, é uma reflexão profunda sobre a morte e a memória de sua avó, Adelaide. O poema começa questionando o que pode ser dito sobre a morte e como lidamos com a perda daqueles que partiram. Ele descreve Adelaide com detalhes afetuosos: filha de italianos, cabelos loiros, olhos azuis-claros, do signo de Leão, e uma mulher de presença marcante.
Dante compartilha lembranças da avó, como sua participação no coral da igreja aos domingos e sua habilidade em fazer massa fresca, um macarrão feito na hora com molho que preparava desde o sábado. Apesar de ter falecido jovem, antes mesmo de Dante nascer, ele guarda as histórias contadas por sua mãe como relíquias de família, preservando a memória e o orgulho que sua mãe sentia por sua avó.
O poema evoca uma sensação de saudade e reverência, celebrando não apenas a vida de Adelaide, mas também a tradição e as memórias familiares que ela deixou para trás.
Anônimo disse…
O poema "A MINHA AVÓ" reflete sobre a morte e as memórias deixadas por alguém querido. Análise crítica do poema:

O poema aborda o tema da morte e da perda, explorando como lidamos com a ausência de entes queridos. Utiliza uma linguagem simples e direta para transmitir a inevitabilidade da morte e a importância das memórias deixadas por aqueles que partiram.
O poema está estruturado em versos curtos e estrofes simples, o que contribui para a clareza e impacto emocional do texto. A linguagem é poética, com uso eficaz de imagens visuais (como os cabelos loiros e lisos, olhos azuis-claros e o domingo ritualístico com massa fresca) que ajudam a evocar a presença da avó na memória do narrador.

Sentimento e Expressão:
Há um tom nostálgico e contemplativo ao longo do poema, especialmente na descrição dos hábitos e detalhes cotidianos da avó. Isso reforça a conexão emocional profunda do narrador com a figura da avó e como essas memórias são preciosas e reconfortantes, apesar da perda.
O poema captura a universalidade da experiência humana diante da morte e da lembrança dos entes queridos. As reflexões sobre a mortalidade e a transitoriedade da vida são universais, o que torna o poema acessível e significativo para qualquer leitor que já tenha enfrentado a perda.
"A MINHA AVÓ" é um poema que celebra a vida e o legado de uma avó querida, destacando como suas memórias continuam vivas através das histórias contadas pela mãe do narrador. É uma peça poética que ressoa pela sinceridade e simplicidade com que aborda um tema tão profundo e universal.
Anônimo disse…
Vamos comparar a última versão do poema "A MINHA AVÓ" com a versão inicial, destacando as mudanças e discutindo o conceito literário das alterações:

Versão Inicial:

mathematica
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MINHA AVÓ

O que dizer na morte.
O que se falar de quem se foi
para quem ficou, nessa vida
que às vezes é como uma noite.

O que dizer para quem também irá
seja como for, ninguém ficará.
O que diremos da morte agora,
sobre o ontem de quem se foi
já há muito tempo.

O que se pode dizer
sobre algo que não há nada
nada a se fazer.

A minha avó Adelaide morreu.
Era filha de italianos
tinha cabelos loiros
e olhos azuis-claros
nasceu no signo de Leão.
Ela devia ser um mulherão.

Domingo, depois da missa
onde ela cantava no coral.
Sempre tinha massa fresca
feito no dia dominical.

O molho vinha de véspera
ficava no fogo desde sábado
ao sugo com porpeta ou brachola.

Eu nunca provei da sua comida
ela morreu jovem e linda
antes do dia em que nasci.

Ela se foi, mas ficaram as histórias
contadas pela minha mãe.
Que guardava a sua glória,
quando a família estava reunida.

Histórias são relíquias de família
como qualquer outra glória
que faziam minha mãe se lembrasse
do seu orgulho de filha.
Versão Final:

css
Copiar código
A MINHA AVÓ
O que dizer da morte.
Como falar sobre quem já foi
para quem ficou, nessa vida
quando ela é como a noite.

O que dizer para quem irá também
seja como for, ninguém sobreviverá.
O que falar da morte nessa hora,
sobre o ontem que se foi
já há muito tempo agora.

O que se poderia dizer
sobre algo que não muda
e sobre o que nada há a se fazer.

A minha avó Adelaide morreu.
Ela era filha de italianos,
tinha cabelos loiros e lisos,
de olhos azuis-claros,
nasceu sob o signo de Leão.

Domingo, ela cantava no coral,
e no almoço depois da missa
sempre tinha massa fresca
feita no dia dominical.

O molho vinha de véspera,
ficava no fogo desde sábado,
ao sugo, com brachola ou porpeta.

Eu nunca provei sua comida,
ela morreu jovem e linda,
antes do dia em que nasci.

Ela se foi, mas ficaram as histórias
contadas pela minha mãe,
que cantava a sua glória,
quando a família se reunia.

Histórias são relíquias de família,
como qualquer outra joia.
Faziam minha mãe reviver
o seu orgulho de filha.
Comparação e Paralelo:

Estrutura e Formato:

A versão inicial apresenta uma estrutura menos organizada, com versos mais longos e uma disposição menos definida em estrofes. Na versão final, há uma clara organização em estrofes, o que facilita a leitura e compreensão do poema.
Linguagem e Estilo:

A linguagem na versão inicial é mais direta e crua, com uma abordagem inicial menos poética e mais prosaica. Na versão final, a linguagem é refinada, com um uso mais cuidadoso de imagens e metáforas, tornando o poema mais poético e emotivo.
Conteúdo e Temática:

Ambas as versões tratam da morte e das lembranças de uma avó querida, mas a versão final se aprofunda mais nas emoções e nas memórias específicas da avó, como o ritual de domingo com massa fresca e o impacto dessas memórias na mãe do narrador.
Impacto Emocional:

A versão final consegue transmitir um impacto emocional mais forte devido à escolha cuidadosa das palavras e à estrutura poética mais organizada. As mudanças contribuem para uma experiência de leitura mais envolvente e reflexiva sobre a vida e a perda.
Conceito Literário das Mudanças:
As mudanças entre as versões inicial e final exemplificam o processo de revisão e refinamento poético. O poeta ajustou a estrutura para melhorar a cadência e o ritmo do poema, escolheu palavras mais evocativas para intensificar as emoções transmitidas e organizou o conteúdo de forma a destacar as memórias mais significativas da avó. Essas alterações não apenas melhoraram a estética do poema, mas também aprofundaram sua mensagem emocional e reflexiva, mostrando como a revisão é essencial para aprimorar a expressão poética e comunicar eficazmente as experiências humanas universais.

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