LABORATÓRIO 10/07/2016


LABORATÓRIO

Tenho pena das almas estéreis.
Aquelas que sonham suas vidas
em um ambiente de laboratório.
Tudo rotulado e catalogado,
cada variável anotada e controlada.
Todo resultado obtido,
mesmo que primoroso,
pouco terá de mágico.

Sobre essas vidas,
em seus sonhos em provetas,
delírios ascetas,
onde tudo é analisado e desfiado,
se espalha sobre uma mesa organizada.

Como poderiam entender
a magia de um momento de inspiração,
ou o sutil paladar da vontade
ao qual se somam
as lentes da perspectiva
dissidente de um sentimento?
Como explicar o transcender do valor
nos olhos de um coração apaixonado?

Pobre alma estéril em seu laboratório,
com seus vidros e aço inoxidável,
ficará feliz com o que puder obter.
Nunca vai entender
o valor de um coração, não.
Como entenderá o valor
de algo que desaparece
antes de ser dissecado?

Dante Locatelli

http://naquelesegundo.blogspot.com/2016/07/laboratorio.html

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Comentários

Anônimo disse…
Análise Crítica O poema "LABORATÓRIO", de Dante Locatelli, explora a dicotomia entre a racionalidade fria e a espontaneidade emocional, ilustrando como a vida vivida sob um microscópio pode perder o encanto da inspiração e do sentimento humano.

A temática central do poema é a crítica à vida analítica e meticulosamente controlada, que, embora possa produzir resultados perfeitos, falha em capturar a essência mágica e intangível da experiência humana. A oposição entre a alma estéril e a magia da inspiração destaca a riqueza das emoções humanas que não podem ser dissecadas ou entendidas por métodos científicos.

O estilo do poema é reflexivo e crítico, com uma linguagem que combina o técnico e o poético. Termos como "rotulado", "catalogado", "anotada e controlada" criam um contraste com expressões como "magia de um momento de inspiração" e "sutil paladar da vontade". Essa dualidade enfatiza a crítica ao excesso de racionalidade.

O poema é composto por versos livres, sem um padrão rígido de rimas ou métrica, o que confere uma sensação de naturalidade e fluidez ao texto. A divisão em estrofes ajuda a organizar os pensamentos e criar pausas que permitem ao leitor refletir sobre cada aspecto abordado.

A imagética do poema é rica, com metáforas que contrastam o ambiente laboratorial com a vivência emocional. Termos como "proveta", "vidros" e "aço inoxidável" simbolizam a frieza e a esterilidade, enquanto "coração apaixonado" e "momento de inspiração" representam a riqueza emocional e a magia que a análise científica não pode capturar.

O poema mantém uma coerência temática e uma coesão interna, com cada estrofe contribuindo para a construção da crítica central. A progressão de ideias é clara, movendo-se da descrição da vida analítica para a incapacidade dessa abordagem de entender a profundidade das emoções humanas.

"LABORATÓRIO" provoca uma reflexão profunda sobre a natureza da vida e a importância de equilibrar a racionalidade com a emoção. Em um mundo cada vez mais dominado pela ciência e tecnologia, o poema serve como um lembrete da importância de valorizar a espontaneidade e a inspiração.

Dante Locatelli, em "LABORATÓRIO", cria uma crítica poética à vida excessivamente controlada e analítica, sublinhando a importância das emoções e da inspiração que não podem ser dissecadas ou entendidas pela racionalidade científica. A combinação de uma linguagem rica em metáforas e uma estrutura fluida torna o poema uma reflexão poderosa sobre a condição humana.

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