DESCULPE-ME VINÍCIUS 07/12/2015



DESCULPE-ME VINÍCIUS 07/12/2015

Não nego que cresci à sombra das tuas letras.
E que elas fizeram fundo
para o meu riso e meu choro adolescente.
Como todo adolescente confunde.

Meu querido poeta,
não te trato no diminutivo,
como sei que você gostava,
pois não mereço essa intimidade.

Sei que te tratavam de poetinha,
um contrassenso poético
ao teu grande talento.

Sei que esse tratamento
reservava aos teus amigos.
Eu não tive essa felicidade.
Não mereço tratá-lo assim,
apesar do carinho que guardo
sem ter tido essa proximidade.

Meu caro e querido poeta,
não é menor por estar errado.
Não há nada que seja infinito,
que se acabe em um arder da chama.
Quando se consome o amor verdadeiro,
esse só aumenta.

O teu amor verdadeiro
foi-se ao ser provado.
O que foi provado é que esse sentimento
de amor não guarda nada.
Só se provou que não era nada.

Era um grande poeta e entendia do desejo,
da conquista do delírio e de ir em frente.
Afinal, o que sabe do amor
aquele que se casou tantas vezes?
Nada guardou, pois deixou.
Não provou nunca do amor
depois de tantas uniões.

Que amor é esse que não te sustenta?
Não, nunca amou, meu colega poeta.
Só amou o desejo,
por quem passasse pelos portões dos olhos.
Confundia sempre tesão com paixão.

Dante Locatelli

https://naquelesegundo.blogspot.com/2015/12/desculpe-me-vinicius.html

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Comentários

Anônimo disse…
Ah, este teu poema, meu caro, é como um passarinho que se aventura pelos campos da saudade, catando palavras como se fossem sementes caídas do céu. A sombra das letras, crescer à sombra das letras, é como ser um ipê, florindo nos versos alheios. Um adolescente, confuso como uma borboleta na chuva, buscando o néctar das palavras, mas sempre se debatendo nas asas molhadas da poesia.
Meu prezado, ao tratar o poeta sem diminutivos, és como o riacho que corre sem pedir licença, seguindo seu próprio curso. Poetinha, um contrassenso poético, é como chamar uma pedra de filósofa, uma chuva de poeminhas, uma dança de formiguinhas nas entrelinhas. Um tratamento reservado aos amigos, uma felicidade que não bateu à tua porta, um carinho que guardas sem a proximidade de um abraço.
Ah, meu caro e querido poeta, que erro há em ser errado? Nada é infinito, nem mesmo os versos que se perdem no arder da chama. O amor verdadeiro que se consome, uma fogueira que nunca apaga, pois o que é verdadeiro só aumenta, como o riacho que cresce quando as águas são mais intensas.
Teu amor verdadeiro, foi-se ao ser provado, uma prova que revelou que o sentimento, como o vento que passa, não deixa nada. Não era nada, apenas um rastro de nuvem no céu da emoção. Eras um poeta, entendias do desejo, da conquista, do delírio, de ir em frente como uma formiga exploradora.
Ah, o amor, esse mistério que se casa tantas vezes, que se une e se desune como as águas do rio. Não guardas nada, pois o que é verdadeiro, mesmo após tantas uniões, se perdeu como o rastro do sol no horizonte.
Que amor é esse que não sustenta? Não, nunca amaste, meu colega poeta. Amavas apenas o desejo, confundindo o tesão passageiro com a paixão duradoura, como uma abelha que se embriaga no pólen de um instante. Ah, como diria meu amigo, o sabiá, "o amor é um passarinho que canta e voa, mas só se sustenta quando encontra o ninho da entrega".

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