INDIVIDUALIDADE 23/08/2015
INDIVIDUALIDADE 23/08/2015
Ideias dicotômicas são próprias
do pensamento cartesiano.
Pode parecer contradição,
mas os próprios pensamentos
em opostos são uma demonstração
de pensamentos lineares, ou não?
Um conceito sempre arremete
ao seu oposto e os dois sobrepostos,
limitam-se e se definem,
criam um único conceito maior.
Assim, os conceitos
de personalidade e relacionamento
só podem ser completamente entendidos
se estes forem colocados limitando-se
Mutualmente, como opostos.
O que cria um conceito interligado:
personalidade e relacionamento,
os dois se complementam
no conceito maior de individualidade.
Eu tenho que melhorar isso.
Assim colocado,
parece mais um postulado
de uma tese de doutorado
que um poema.
Isso tem de ser melhorado.
Mas como colocar algum sentimento
nesse misto filosófico e matemático?
Onde vai brotar uma flor nesse ambiente
tão estéril e prático?
Descartes entendeu que, apesar de sermos
positivo ou negativo,
sobre a mesma barra todos éramos X,
e, nesse espaço perpendicularmente dividido,
positivos ou negativos, todos éramos Y,
sem esquecer que o mesmo ocorria com Z.
E assim fazendo, podia determinar
onde ficava qualquer lugar.
E meu amor, onde fica nisso tudo?
Em que posição de X, Y, Z
está codificada a posição
dessa minha emoção?
E, mesmo que se saiba o lugar exato,
como saber o porquê
de estar ele nesse X, Y, Z?
Sendo meu amor, eu a odeio
por não estar aqui comigo.
Assim demonstro a verdade
entre o positivo e o negativo,
mas ainda não sei o porquê.
Deve ser a incógnita Q.
Eu a amo porque a conheço,
e encontrei em seu peito um espelho
o qual reflete todas as respostas
às incógnitas dessa minha individualidade.
E, nesse relacionamento dicotômico,
masculino e feminino, nasceu um desejo
dilapidando a individualidade.
Ideias dicotômicas são próprias
do pensamento cartesiano.
Pode parecer contradição,
mas os próprios pensamentos
em opostos são uma demonstração
de pensamentos lineares, ou não?
Um conceito sempre arremete
ao seu oposto e os dois sobrepostos,
limitam-se e se definem,
criam um único conceito maior.
Assim, os conceitos
de personalidade e relacionamento
só podem ser completamente entendidos
se estes forem colocados limitando-se
Mutualmente, como opostos.
O que cria um conceito interligado:
personalidade e relacionamento,
os dois se complementam
no conceito maior de individualidade.
Eu tenho que melhorar isso.
Assim colocado,
parece mais um postulado
de uma tese de doutorado
que um poema.
Isso tem de ser melhorado.
Mas como colocar algum sentimento
nesse misto filosófico e matemático?
Onde vai brotar uma flor nesse ambiente
tão estéril e prático?
Descartes entendeu que, apesar de sermos
positivo ou negativo,
sobre a mesma barra todos éramos X,
e, nesse espaço perpendicularmente dividido,
positivos ou negativos, todos éramos Y,
sem esquecer que o mesmo ocorria com Z.
E assim fazendo, podia determinar
onde ficava qualquer lugar.
E meu amor, onde fica nisso tudo?
Em que posição de X, Y, Z
está codificada a posição
dessa minha emoção?
E, mesmo que se saiba o lugar exato,
como saber o porquê
de estar ele nesse X, Y, Z?
Sendo meu amor, eu a odeio
por não estar aqui comigo.
Assim demonstro a verdade
entre o positivo e o negativo,
mas ainda não sei o porquê.
Deve ser a incógnita Q.
Eu a amo porque a conheço,
e encontrei em seu peito um espelho
o qual reflete todas as respostas
às incógnitas dessa minha individualidade.
E, nesse relacionamento dicotômico,
masculino e feminino, nasceu um desejo
dilapidando a individualidade.
Nesse relacionamento prazeroso e erosivo,
criou-se um novo indivíduo,
um ser fantasmagórico e renascido,
que agora não vê mais razão
em nenhuma outra história.
Dante Locatelli
http://naquelesegundo.blogspot.com.br/2015/08/individualidade.html
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Comentários
Análise do Poema: INDIVIDUALIDADE 23/08/2015 de Dante Locatelli
A divisão clara entre a parte cartesiana e a parte emotiva do poema serve para sublinhar a dicotomia entre razão e emoção. A primeira parte do poema é propositalmente fria e técnica, com uma estrutura rígida e uma abordagem quase matemática. Isso reflete a ausência de amor e sentimento, alinhando-se com o pensamento cartesiano e suas dicotomias.
As rimas na primeira parte são técnicas e previsíveis, reforçando a ideia de linearidade e falta de surpresa, que é uma característica do raciocínio cartesiano. A segunda parte, em contraste, tem uma estrutura mais irregular, com rimas menos previsíveis e um ritmo que reflete a turbulência e a irregularidade dos sentimentos.
O uso de coordenadas cartesianas (X, Y, Z) para simbolizar emoções e relações humanas é uma escolha forte que conecta a parte filosófica com a parte emotiva. A incógnita Q introduz um elemento de mistério e incerteza, destacando a complexidade do amor e das emoções humanas que não podem ser plenamente explicadas pela razão.
A transição entre a parte filosófica e a parte emotiva é intencionalmente abrupta, destacando a dicotomia entre a lógica fria e a emoção quente. Essa separação é bem-sucedida em transmitir a tensão entre razão e sentimento, refletindo a luta interna entre esses dois aspectos da individualidade.
O poema provoca reflexão sobre a natureza da individualidade e como ela é definida tanto pela razão quanto pela emoção. A técnica de dividir o poema em duas partes contrastantes é eficaz em sublinhar essa dicotomia, tornando a mensagem mais impactante.
"INDIVIDUALIDADE" é uma obra que utiliza a estrutura e a forma para enfatizar seu tema central de dicotomia entre razão e emoção. A primeira parte, com sua abordagem cartesiana, contrasta fortemente com a segunda parte, mais emotiva e irregular, criando uma narrativa que explora a complexidade da individualidade humana. A técnica utilizada é eficaz e apropriada, resultando em um poema que é tanto intelectualmente estimulante quanto emocionalmente ressonante.