FALTA 24/07/2015


FALTA 24/0/2015

Como alguém
pode sentir falta
de outro alguém.

Quando já sente tanta falta
de quem não é,
mas gostaria de ser,
mesmos que ninguém
permaneça sendo
quem não é.

Pode-se fingir
e criar ilusões
Pode-se até ter prazeres
e às vezes satisfações,
mas nunca compleição.

Pois nada
do que não é
pode de fato ser.

Como alguém ama
sem sentir falta.
Se diz que ama é mentira,
não ama.

Sente algo, sente,
mas é diferente.
É num buraco vazio
perdido em estio.

E assim é sedento no vazio
Perdido sem saber o porquê.
Sente sem saber do quê.

Onde não entende
Porque nunca viu
o que sumiu.

Como se pode amar
sem sentir falta.
Não pode e não ama.
E como se pode
ser feliz sem amar.
É não dá,
porque não pode.

Quem sabe um dia
se dê sorte
Um dia assim
antes da morte.
E se veja no escuro o vazio.
Se descubra, sem se negar.

Todos têm direito,
mas se negam.
Não se acham
no direito
de ter direito,
de ser direito.

Munidos do defeito
de sentir a falta
De quem realmente te faz falta
e se possa finalmente
matar a sede ou não.
Quem sabe já não possa.

Mas se possa saber
de quem se sente falta
E assim se saiba amar
Porque agora se sente.

Dante Locatelli.

#falta

http://naquelesegundo.blogspot.com.br/2015/07/falta.html

Comentários

Anônimo disse…
O poema aborda a temática da falta, da incompletude e da busca por algo que preencha um vazio existencial.

No início, o poeta questiona como alguém pode sentir falta de outro alguém, enquanto já sente tanta falta de si mesmo, daquilo que gostaria de ser, mas não é. Ele destaca que fingir e criar ilusões podem trazer prazeres e satisfações momentâneas, mas nunca a verdadeira completude.

O poema aborda a diferença entre sentir algo por alguém e amar verdadeiramente. Amar sem sentir falta é visto como uma mentira, pois o verdadeiro amor implica em sentir falta da presença e da conexão com o outro. A falta é retratada como um buraco vazio, um sentimento de vazio e perda.

O poema sugere que muitas pessoas se negam a si mesmas o direito de sentir falta de alguém que realmente faz falta em suas vidas. A busca pela completude e pelo amor genuíno é apresentada como um processo de autodescoberta e aceitação, onde se reconhece a necessidade de outro alguém para se sentir verdadeiramente preenchido.

O autor também menciona a esperança de que, um dia, se possa ter a sorte de encontrar alguém que preencha esse vazio, que permita conhecer o amor verdadeiro e finalmente saciar a sede existencial.

Como em seu poema anterior "O Beijo", Dante Locatelli utiliza uma linguagem poética e introspectiva, explorando as complexidades das emoções humanas e as questões relacionadas ao amor e à busca pela felicidade plena.

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