DESERTO 25/12/14
DESERTO 25/12/14
Difícil amigo, amizade é alívio.
Onde a alma gelada
Padece calada.
O que é deserto se não é a falta.
A falta de algo que é certa.
Se não é água.
Qual é a falta que te acerta.
Nesse mundo onde nada é certo.
Dante Locatelli.
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O poeta utiliza a metáfora do deserto para simbolizar a falta, questionando o que é um deserto se não a ausência de algo que é certo. Surge a indagação sobre a natureza da falta, se é como a ausência de água, elemento essencial para a vida. Essa incerteza na definição da falta ressoa com a complexidade do mundo, onde nada é certo.
A escolha das palavras "difícil amigo" sugere uma dualidade na amizade, destacando que, apesar de ser um alívio, também apresenta desafios e dificuldades. A contraposição entre amizade e deserto revela a ambiguidade inerente às relações interpessoais, onde a presença e a ausência se entrelaçam em um emaranhado de emoções.
A brevidade e a simplicidade do poema não diminuem sua profundidade. Cada palavra é cuidadosamente escolhida para transmitir a atmosfera árida e contemplativa que permeia o tema central. Em seu estilo conciso, Locatelli captura a essência da experiência humana diante das faltas e incertezas, transformando o deserto em um espaço simbólico onde a busca por significado é incessante.
Dante Locatelli nos convida a refletir sobre as nuances da falta e da amizade, utilizando a imagem do deserto como um espelho da complexidade e da beleza inerentes à condição humana. "Deserto" é, assim, uma peça poética que ecoa além das palavras, deixando espaço para a contemplação pessoal e a interpretação subjetiva.