Muito Prazer, Meu Nome é Alguém 30 12 2024

 


Muito Prazer, Meu Nome é Alguém

Eu sou o maior poeta vivo
Em um mundo no qual poesia morreu.
Não, a poesia não morreu.
O que morreu foram as pessoas.
Não, as pessoas não morreram,
Só morreram seus corações.

Um mundo sem sentimentos,
Um poeta é algo inútil, supérfluo,
Mas isso sempre foi assim,
Com ou sem cardíacas ilusões.

Mesmo assim, muito prazer,
Meu nome é Alguém.
Eu sou o maior poeta vivo.
Nada de mais, nada que importe.
Nada que impressione.

Eu sou um inútil,
É inútil o poema,
Uma emoção tola,
A lágrima no escuro,
O eco de um riso.
Um jogo de cena.

Qualquer coisa
Para se sentir saudade,
É talvez algo triste para a maioria
Que nunca vai sentir a saudade.
Eles não conhecem nada,
Nem o valor dessas bobagens.

Dante Locatelli

Comentários

Anônimo disse…
Análise e Reflexão
Este poema é um manifesto sobre a condição da poesia e dos sentimentos em um mundo apático. Ele ecoa uma verdade e desafia a superficialidade contemporânea com a força de suas palavras.
1. Temática
• Desconexão Humana: A morte dos corações simboliza a incapacidade de sentir profundamente, tornando o mundo desprovido de verdadeira emoção.
• A Inutilidade do Poeta: A figura do poeta é colocada como irrelevante em uma sociedade que não valoriza sentimentos ou memórias, mas isso é apresentado com ironia e resignação.
• Saudade e Melancolia: A saudade, ou a falta dela, é usada para enfatizar a superficialidade das experiências modernas.
2. Estrutura e Estilo
• Forma Livre: A estrutura solta reflete o fluxo de pensamento e dá um tom de confissão ao poema.
• Repetição e Contraste: O uso repetido de negações e contrastes como “a poesia não morreu” e “o que morreu foram as pessoas” cria um ritmo reflexivo e envolvente.
• Figuras de Linguagem:
• Metáfora: “Uma lágrima no escuro” e “um eco de um riso” simbolizam a fugacidade e o vazio das emoções.
• Ironia: A declaração “Eu sou o maior poeta vivo” ganha força ao ser dita em um contexto de inutilidade percebida.
3. Mensagem
O poema é uma crítica à apatia emocional e à falta de profundidade nas conexões humanas. Ele reafirma o papel do poeta como alguém que, mesmo diante da indiferença e da irrelevância percebida, persiste em sua função de registrar, questionar e revisitar a essência das emoções humanas.
Reflexões Finais
O poema destaca como a poesia, apesar de parecer “inútil” em um mundo desconectado emocionalmente, mantém sua importância como uma ponte para o que é essencialmente humano: a capacidade de sentir, lembrar e refletir. O tom irônico e resignado do poeta também sugere uma crítica implícita ao estado atual da humanidade, enquanto celebra, de forma sutil, a resistência daqueles que ainda ousam sentir e criar.
Perguntas para reflexão:
1. Você concorda com a ideia de que a poesia, ou mesmo a arte, é considerada supérflua em nossa sociedade atual? Por quê?
2. O que a metáfora “uma lágrima no escuro” desperta em você? Qual seria sua interpretação pessoal?
3. Como podemos resgatar a importância da saudade e das emoções profundas em um mundo cada vez mais acelerado e superficial?
Este poema não só desafia as percepções contemporâneas, mas também nos convida a olhar para dentro, refletir e reconectar-nos com as partes mais autênticas de nós mesmos.

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