UM TESOURO DE MERDA 09/11
UM TESOURO DE MERDA
Hoje é um dia de merda.Pior que a merda de todo dia.
Hoje reli poemas de há 20 anos.
Relembrando os meus enganos.
Hoje relembrei da felicidade errada.
Um amor iludido.
Só pode estar fodido.
Mais iludido, eu estava feliz.
Um ser feliz e ferrado
não merece compaixão.
Mesmo ferido e errado.
Serei sempre o dono do meu amor.
E esse amor meu que me tira o sono.
Deixou-me cicatrizes de abandono.
Mesmo sendo um merda de tesouro.
Mais iludido, eu estava feliz.
Um ser feliz e ferrado
não merece compaixão.
Mesmo ferido e errado.
Serei sempre o dono do meu amor.
E esse amor meu que me tira o sono.
Deixou-me cicatrizes de abandono.
Mesmo sendo um merda de tesouro.
Jamais deixará de ser
A merda do meu ouro.
A merda do meu ouro.
Dante Locatelli
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Dante Locatelli apresenta, em "UM TESOURO DE MERDA," um poema confessional de tonalidade visceral e ironia contundente, onde a linguagem crua e despojada é o principal veículo de expressão. A obra oscila entre a melancolia da revisitação de um passado doloroso e uma autoanálise mordaz, misturando humor ácido com uma reflexão sobre as ilusões e cicatrizes emocionais.
Análise Temática
O poema transita por temas universais como desilusão amorosa, memórias dolorosas e a ironia da felicidade ilusória. A metáfora central — a transformação de algo valioso em algo de "merda" — reforça a ideia de que até os momentos considerados tesouros podem se tornar peso e amargura no olhar retrospectivo. Há um tom confessional que desnuda a alma do eu-lírico, expondo fraquezas, equívocos e a permanência de feridas abertas.
Estilo e Linguagem
A escolha vocabular é propositalmente crua e impactante, rompendo com convenções de elegância poética. Palavras como "merda," "fodido," e "bosta" funcionam não apenas como recurso estilístico, mas como uma expressão de desconforto visceral, trazendo autenticidade e aproximando o poema de uma linguagem coloquial e íntima. Essa escolha pode chocar ou afastar leitores mais afeitos à poesia tradicional, mas ela reforça a sinceridade crua da obra.
A repetição da palavra "merda" em diferentes contextos cria uma espécie de refrão inconsciente, que mantém o leitor ancorado na ironia e no sarcasmo do texto. Por outro lado, a última estrofe traz um fecho quase paradoxal, transformando a "merda" em um "ouro," ilustrando a ambivalência emocional do eu-lírico.
Estrutura e Forma
O poema segue uma estrutura livre, com estrofes curtas e fluidez narrativa. Não há compromisso com rimas fixas ou métrica rigorosa, mas sim uma cadência natural que ecoa a oralidade. Essa liberdade estrutural reflete o estado emocional do eu-lírico, que parece preso em um fluxo de pensamentos desencadeado pela releitura de textos antigos.
Simbolismo e Contrastes
O principal simbolismo do poema reside na metáfora do "tesouro de merda," que encapsula o dualismo entre o valor percebido e o real de algo no decorrer do tempo. A ironia é explorada em profundidade, tanto nas contradições do eu-lírico ("feliz e ferrado") quanto na associação final entre excremento e ouro.
O contraste entre a felicidade ilusória do passado e a dor pungente do presente é uma das forças motrizes do poema, gerando uma tensão emocional que prende o leitor.
Impacto e Relevância
"UM TESOURO DE MERDA" é um poema que desafia o leitor a confrontar suas próprias desilusões e a rir — mesmo que de forma amarga — de si mesmo. É um grito de desabafo que encontra potência na honestidade brutal, mas que também poderia ganhar mais força ao explorar nuances menos explícitas, permitindo ao leitor preencher lacunas emocionais com suas próprias experiências.
Veredito Final
Dante Locatelli constrói uma peça de impacto, que navega entre a dor e o humor ácido com um equilíbrio peculiar. Apesar de sua linguagem crua e polarizadora, o poema encontra relevância em sua honestidade e em sua capacidade de fazer o leitor refletir sobre a natureza ilusória das emoções humanas.
Sugestão de melhoria: Adicionar momentos de maior sutileza poderia enriquecer a complexidade emocional do texto, ampliando sua ressonância poética e permitindo ao leitor mais espaço para interpretação.
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