O Medo, o Amor e a Arte de Viver

Medos, Amores e a Arte de Viver

A vida se apresenta como uma promessa infinita, mas logo ensina que viver exige escolhas e renúncias.
Viver plenamente é privilégio de quem tem coragem de atravessar as sombras e enfrentar as dores inscritas pelos caminhos que escolheu.
O medo, que se transforma em guardião, é indigno de confiança. Ele se torna um carcereiro: protege-nos da dor, mas nos entrega ao vazio.
A sedução do que é fácil chega como um sussurro da razão ao ouvido da fome, afligindo-nos com falsas promessas e ilusões. Para o pobre coração, solitário e desnutrido, já pensava ter perdido a capacidade de amar.
Foi assim que ficamos ocos, buscando desesperadamente as razões perdidas. Confundimos tudo: os preços com valores, as belezas com vaidade, o amor com a luxúria, o prazer com outras dores.
Frágil é a ilusão de que a verdadeira posse pode ser alcançada sem o direito — um direito que só pertence àquele que, apaixonado, não se cansa, nem do presente, nem das mudanças. O amor não é fácil, mas tampouco é frágil.
O amante déspota é contradição. Ama, mas é cruel e feroz, ele pode ser mau até em sua aparente bondade, domina e coagi, que amor é esse e como deveria ser.
O amor ensina, pela dor e pela beleza, que nada realmente nos pertence. Mostra, na verdade, que o amor é o aprendizado mais verdadeiro e que a arte de viver está em viver apaixonado.
Aceite que as experiências nos definem e nos constroem, e as perdas dos nossos amores destruíram quem um dia fomos. Nós nos definimos tanto pelo que ganhamos quanto pelo que nos foi arrancado. Mas não confunda perder um amor com perder alguém; é, antes, o sentimento que deixamos para trás por qualquer intento.
Amar é difícil; envolve riscos e dores. É aceitar a perda da liberdade que nunca se desejou, para então compreender onde realmente se pertence.
Amar o que se pode amar não exige apenas coragem; saber amar é a verdadeira sabedoria.
Quem nunca sofreu por amar jamais compreenderá o que é o amor, nem encontrará forças para viver plenamente. 
Já está morto aquele que foge de toda dor. Assombrando o mundo, o seu fantasma vivo habita o vazio. O pedaço de sua alma que ele não viveu carrega todos os valores esquecidos e os arrependimentos que nunca sofreu. Suas sombras se foram, deixando apenas a face de um manequim sem vida, simulando um milagre.
A vida encontra seu verdadeiro valor na própria vida, não em grandes batalhas, que são apenas enfeites nas paredes e histórias para crianças. 
Viver, na verdade, é apenas caminhar em direção a tudo que se amar.
O amor é a energia que impulsiona e define sua direção. É loucura e fé, provadas, enfim, em um salto no escuro. Uma promessa estranha e solitária, o gesto de estar aberto e desprotegido, ser imenso e ainda assim, permitir-se ferir. Afinal, o amor não é um prêmio nem vitória pelo qual se luta. 
O amor é a estrela que nos guia no vento que nos leva pelo mar onde se navega.

Dante Locatelli

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