QUANDO QUERO O QUE NÃO QUERO 07/09/2020
QUANDO QUERO O QUE NÃO QUERO 07/09/2020
Vejo tudo e muito quero
É tudo culpa do fotógrafo
Extrair toda dor que não espero
da beleza que mostra ao bafo.
É poupada na foto rara
de onde se extrai toda o calor e a dor
deixa-se o belo nu a mostra
Fácil seduz no desejo momentâneo
Que não perdura a análise do tamanho.
Aquela que nunca fazemos
quando cegos polo desejo
só vemos o que queremos
da razão que foi andejo.
Todos acham linda a natureza.
Ir até lá o mesmo prazer não mostra
A caminhada e o calor úmido da mata
que esse ato sofrido causaria
a beleza que assim verde não suporta
Todos acham linda a natureza.
Ir até lá o mesmo prazer não mostra
A caminhada e o calor úmido da mata
que esse ato sofrido causaria
a beleza que assim verde não suporta
nessa mistura morre e o desejo mata.
Dante Locatelli.
https://naquelesegundo.blogspot.com/2020/09/quando-quero-o-que-nao-quero.html
querer, não_querer.
Comentários
O poema começa com a ideia de que vemos muitas coisas e desejamos muito, mas a culpa recai sobre o "fotógrafo", sugerindo que nossa percepção é filtrada e influenciada por quem ou o que nos apresenta as imagens e ideias.
O poema destaca a diferença entre a imagem superficial apresentada em uma fotografia e a realidade subjacente. Ele sugere que muitas vezes desejamos o que vemos na superfície, mas ignoramos ou não compreendemos a profundidade das emoções e experiências por trás daquilo que vemos.
O poema critica a tendência humana de ceder a desejos momentâneos, muitas vezes ignorando a análise mais profunda ou o entendimento do que realmente importa. Isso é representado pelo contraste entre a "foto rara" e a análise do "tamanho" ou profundidade das coisas.
O poema também faz uma comparação entre a apreciação da natureza e a experiência real de estar lá. Ele sugere que muitas pessoas acham a natureza linda quando vista de longe, mas não apreciam o esforço e os desafios envolvidos na experiência direta.
Termina com uma conclusão impactante, destacando que o desejo momentâneo pode matar o desejo em sua totalidade, especialmente quando não se leva em consideração a verdadeira natureza das coisas.
Em resumo, o poema de Dante Locatelli crítica a tendência humana de desejar superficialmente, baseando-se em percepções seletivas e desejos momentâneos, em vez de buscar uma compreensão mais profunda e uma apreciação verdadeira das coisas. Ele sugere que essa abordagem pode levar à perda do desejo genuíno e à falta de apreço pela riqueza das experiências e emoções humanas.