NA PERDA 04/08/2020
NA PERDA 04/08/2020
perderam seus entes recentemente.
Esse ano está terrível particularmente.
Espero que possa haver conforto na fé
quando diz que passageiro tudo é.
Toda perda não é em vão.
A tua falta em mim
se fez em fome, em vazio
o cheiro pútrido, vadio
não estão nos cemitérios.
Estão em mim, e sim
sem deixei de viver passim.
Sou a falta do que não foi.
Uma memória que te fez
ser um navio de escravos.
Sabendo que não há remédio
para dor de uma perda do tédio
e que saber e dizer é assédio,
quando se sofre de soberba.
Quem se foi está em paz
diferente de nós faz
que tristemente fique assas
Eles hoje não sofrem mais.
Então os que se foram
somente não devem ir atrás.
Não sejam egoístas demais.
Que no paraíso se tenha paz.
Acreditemos no que quisermos,
seja no que for, em tudo, em nada.
Fico obrigado a não ter sentido,
pois ser fiel faz isso comigo.
Quando na nossa verdade
não tem razão e não faz sentido
e mesmo assim aguentamos.
Quando na crença não cabe razão
só então ela é verdade e fé.
Dante Locatelli.
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"Na Perda" é um poema que aborda o tema da perda e do luto, transmitindo sentimentos de empatia, consolo e reflexão sobre a natureza da dor e da fé diante das dificuldades da vida. Aqui está uma análise do poema:
O poema começa expressando solidariedade e condolências àqueles que sofreram recentemente a perda de entes queridos. Ele reconhece que o ano está sendo particularmente difícil, destacando a sensação de tristeza e dificuldade que muitas pessoas estão enfrentando.
A segunda estrofe menciona a fé como fonte de conforto diante das perdas. A frase "passageiro tudo é" sugere uma perspectiva de impermanência, onde tudo na vida é transitório, incluindo chegadas e partidas. Essa visão filosófica pode trazer algum alívio ao pensamento de que a partida não é em vão.
O poema reconhece a inevitabilidade da dor que acompanha a perda e sugere que, por mais que tentemos encontrar palavras de consolo, às vezes é impossível remediar a dor que sentimos. Essa ideia é expressa através da frase "saber e dizer é assédio, quando se sofre de uma falta", enfatizando a complexidade da experiência de luto.
A terceira estrofe traz um contraste entre aqueles que partiram e aqueles que permaneceram. Aqueles que se foram estão em paz e não sofrem mais, enquanto os que ficaram enfrentam a tristeza da separação. Essa dualidade entre paz e sofrimento é explorada de maneira sensível.
O poema não impõe uma única crença ou interpretação sobre a vida após a morte ou o sentido do sofrimento. Em vez disso, ele respeita a diversidade de perspectivas e crenças, afirmando que cada indivíduo pode acreditar no que quiser, seja em algo específico, em tudo ou em nada.
A última estrofe destaca a ideia de fé verdadeira. Ela sugere que a verdadeira fé não é baseada em razão ou lógica, mas transcende esses limites. Quando a fé não pode ser explicada ou justificada pela razão, é quando ela se torna autêntica e profundamente arraigada.
Em suma, "Na Perda" é um poema que explora a complexidade das emoções em relação à perda e ao luto. Ele aborda temas universais, como o consolo da fé, a dualidade entre paz e sofrimento, e a natureza da verdadeira crença. O poema oferece uma perspectiva sensível e respeitosa sobre como enfrentar as adversidades da vida.
1. Expressão de Solidariedade: O poema começa expressando condolências aos que perderam entes queridos recentemente, criando um tom de empatia e conexão imediatamente.
2. Reflexão sobre a Condição Humana: Ao mencionar que "Esse ano está terrível particularmente", o poema captura a sensação geral de dificuldades e desafios que muitos enfrentam em um determinado período.
3. A Relação entre Fé e Conforto: O poema sugere que a fé pode ser uma fonte de conforto na face da perda, especialmente quando se acredita que tudo na vida é passageiro. A ideia de que "Toda perda não é em vão" aponta para a possibilidade de que mesmo na dor, algo pode ser aprendido ou valorizado.
4. Metáforas Evocativas: A imagem de "A tua falta em mim / se fez em fome, em vazio" retrata vividamente a sensação de vazio deixada pela perda. O uso das palavras "cheiro pútrido, vadio" cria uma atmosfera sensorial que intensifica a emoção.
5. Reflexão sobre a Memória: A poesia explora a memória como uma forma de preservar e honrar aqueles que partiram, descrevendo-os como uma "memória que te fez / ser um navio de escravos". Isso pode refletir a influência duradoura que as pessoas têm sobre as vidas daqueles que ficam.
6. Abordagem da Dor e da Soberba: A dor da perda é contrastada com a noção de "sofrer de soberba", sugerindo que o orgulho excessivo pode ser uma forma de sofrimento.
7. Aceitação e Paz: O poema contrasta a paz daqueles que partiram com a tristeza dos que ficam, destacando que "Eles hoje não sofrem mais". Essa ideia de aceitação da partida pode trazer algum consolo aos enlutados.
8. Crença e Verdade Pessoal: O poema explora a complexa interação entre crença, verdade pessoal e sentido da vida. Afirma que acreditar no que quisermos, mesmo que seja "em tudo, em nada", é válido. Isso sugere que a crença pode ser uma fonte de força e conforto, mesmo quando a lógica falha.
9. Conclusão Reflexiva: A conclusão destaca a capacidade humana de aguentar e perseverar mesmo quando a vida parece não ter sentido lógico. A fé é retratada como verdadeira quando não é guiada pela razão, mas sim pela convicção.
Considerações Finais:
"Na Perda" é um poema que mergulha nas complexidades emocionais que cercam a perda e o luto. Ele aborda temas universais, como fé, memória e aceitação, oferecendo reflexões profundas sobre a natureza da experiência humana diante da perda e das incertezas da vida.