GEOCENTRISMO 25/05/19
GEOCENTRISMO 25/05/19
Quando ainda não te conhecia
eu só tinha um desejo pálido.
Era uma falta, uma fome.
Algo indefinido
típica dos adolescentes
que sabem que querem
só não sabem o que querem.
Assim eu vivia dentro de mim
em uma planície nevada
eu era só um local
onde as coisas se depositavam
juntas todas com o frio
que o inverno criava
A neve lentamente e sem pressa
depositava-se sobre
o sei próprio peso.
Eu era a montanha
e havia só neve em mim
que se disfarçava de fogo
de.um desejo bobo
em um querubim.
Mas o senhor destino
com seus segredos
nos fez surpresos
e quando eu achava
que não haveria mais nada.
a neve descongelou
e dela veio o fogo
que ao degelar a vida
deixou-nos no sufoco.
A montanha agora conhecia o fogo
e tudo que era torto ficou direito
e o homem pode se entregar
ao que ele sabia que era amar.
Mas com o tempo
o mundo se mostrou imperfeito
e do fogo-fátuo
que é a paixão humana
de tão quente se fez em vento
e mesmo que dolorido
procurou-se algum proveito
o vendo represado na montanha
O ser que era alado
quase explodiu o seu peito
e a montanha aturdida
aguardava o que lhe era sabido
sobre a montanha que cantava
embalada em seu sonho bonito.
E onde era mais fino
a pele fina, a pele do mundo
Brotou o Rio corrente
Que insiste em nos levar adiante.
Ficou para trás
na verdade e a vida
E a montanha que se fez nascente
Tem dentro dela o rio corrente.
Caso ninguém veja não importa
mesmo assim a montanha
ainda é magnífica
O que ela guarda e o que vemos
pode ser distinto do que queremos
mas tem sua beleza tácita.
A montanha é vista ao longe,
mas na verdade ninguém sabe
o que ela guarda, o que tem
para node ela vai ou de onde vem.
Dante Locatelli
https://naquelesegundo.blogspot.com/2019/05/geocentrismo.html
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