RESPIRAR 30/06/2016
RESPIRAR 30/06/2016
Pensar na tua boca seca
deixa-me aflito.
Suspende o ciclo natural
do meu respirar tranquilo.
Tento somente
livrar-me do pensamento
dessa imagem
deixar que derive.
Não é fácil
ela briga pela posição
teima em alterar
a minha respiração.
Saudades, desejo
tantas coisas que estão lá
no sem jeito.
Ainda traduz aquele lugar
o lugar do erro
chamado de não feito.
É melhor não ter tempo
preencher a vida de movimento
afazeres sem conta e assim
não parar para se dar conta.
Porque lembrar da tua boca
seca o meu dia.
Surpreendo me
levantando a cabeça para respirar
Como quem quer
tirar a cabeça das águas mar.
Respirar é bom
mas não apaga a imagem
na minha cabeça
da tua boca seca.
Dante Locatelli
http://naquelesegundo.blogspot.com.br/2016/06/respirar.html
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Comentários
O poema trata das dificuldades emocionais de lidar com lembranças vívidas e persistentes de alguém, simbolizadas pela imagem da boca seca. Há uma luta interna para tentar liberar esses pensamentos e focar em outras coisas, sem sucesso.
Escrito em versos livres, o poema utiliza uma linguagem direta e emotiva para expressar a agonia e a frustração do eu lírico ao tentar afastar essa imagem perturbadora.
A boca seca é utilizada como uma metáfora poderosa para representar a presença persistente e incômoda dessa pessoa na mente do eu lírico. A água e o ato de respirar são imagens contrastantes que destacam a dificuldade de encontrar alívio ou esquecimento.
Transmite uma sensação de nostalgia, desejo não correspondido e um conflito interno entre o desejo de lembrar e o desejo de esquecer.
A repetição da imagem da boca seca ao longo do poema reforça sua importância e impacto emocional, sugerindo uma obsessão que não pode ser facilmente superada.
A mudança de foco para atividades e movimento como uma forma de evitar confrontar essas lembranças, contrastando com a persistência desses pensamentos, é habilmente explorada.
A conclusão ambígua do poema, onde mesmo ao respirar o eu lírico não consegue apagar a imagem da boca seca, sublinha a natureza persistente da memória e do desejo.
Este poema é uma reflexão profunda sobre a luta interna de manter o equilíbrio emocional frente às lembranças dolorosas e persistentes.