EREMITA 12/02/2016



EREMITA 12/02/2016

Quem escreve o faz por alguém,
por um Insight
ou porque é de Marte.
Escreve-se para ficarem
os pensamentos
os arranjos
a ordem
as linhas
o ritmo e a rimas.

Um poeta no deserto
escreve todos os dias
passando a vida entre
sobreviver e letras.
Verá com o tempo
que não são infinitos
seus pensamentos.

Testemunho triste da pobreza
da mente sem estímulos.
Em seus escritos repetidos
estarão a expressão
de um só homem.

Sem tirar as referências
de outras letras
de coisas abjetas e nojentas,
dos problemas e dos valores
apagados no deserto.

Destinos de mistérios ausentes
o imperfeito pode ser aceito
Nesse momento,
pois no desigual
mora o real valor de ser igual.

Não há, na verdade
um grande poeta eremita.
Desculpem-me os budistas.
O grande poeta do vazio
é aquele que voltou, sou eu.

Passei uma eternidade
de uma ausência inclemente
e na redenção de um reencontro
fui banido do entendimento.

Preterido ante um abismo.
Só pude assistir pasmo.
A rota de uma vida perdida
nos caminhos dos asnos.
Voltar a ser esse poeta eremita
em um deserto de ausências.

Devo ter errado grande
em fazer-me amável
ao contrário de ser querido
fui chamado de louco,
tachado de impossível.

Fica aqui então um alerta!
Se ama de verdade, minta.
Amar assim parece mentira,
coisa de um louco, possuído.
Impossível em um mundo poluído.

Dante Locatelli

http://naquelesegundo.blogspot.com.br/2016/02/eremita.html

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