NAS ENTRE LINHAS 22/12/2014
NAS ENTRE LINHAS 22/12/2014
Hoje assim preso
Entre linhas
Sobe o gato atrasado
Quer chegar
do outro lado.
O simpático gatinho obeso
com dificuldade sobe.
Parece indefeso.
Dificulta lhe a vida o peso.
Ninguém nota
do outro lado
O rato aterrorizado
Não é para ele
lindinho
O gatinho.
Obeso sim
sinal do seu sucesso.
Aí vem o sedutor
Um lindo e belo
matador.
Fofinho em pelo
no colo do dono
que lhe afaga as orelhas
Enquanto lambe as garras
que a pouco foram adagas.
Na vida entre linhas
se fazem fatos concretos,
sem verdades por decreto.
Em ângulos nossos também
lambemos nossas patas
ronronando baixinho
no sangue de outras
vidas ingratas.
Dante Locatelli.
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"Nas Entre Linhas", uma obra poética de Dante Locatelli, revela-se como um quadro vivo de analogias, onde o gato, em sua busca para transpor barreiras, simboliza a jornada humana entre os caminhos da vida.
O poema mergulha no cotidiano do felino, enredado nas linhas de sua existência. O gato atrasado, ágil em seu propósito, ressoa como metáfora do ser humano que, muitas vezes, enfrenta desafios em sua busca incessante por algo além das aparências.
A dualidade é habilmente entrelaçada nas palavras. O gato obeso, apesar de sua aparente indefesa, carrega consigo o peso do sucesso, da vitória nas caçadas da vida. A leveza da existência, muitas vezes, é acompanhada pelo peso das responsabilidades.
O contraste entre a fofura no colo do dono e a predatória natureza do felino é um espelho das complexidades humanas. Aqui, o poeta nos convida a contemplar nossas próprias dualidades, a delicadeza da ternura e a ferocidade que pode emergir quando as garras são necessárias.
A metáfora dos ângulos da vida, onde lambemos nossas patas e ronronamos baixinho no sangue alheio, ressalta a natureza muitas vezes ambígua das interações humanas. A sutileza da linguagem reflete a simplicidade dos gestos, mas também a profundeza das consequências.
Em "Nas Entre Linhas", Dante Locatelli oferece um convite à introspecção, sugerindo que, assim como o gato, navegamos entre os espaços delineados pela vida, onde os fatos concretos se entrelaçam com a subjetividade, e as verdades são forjadas na complexidade de nossas experiências.
Este poema, meticulosamente construído, é um testemunho da habilidade de Locatelli em expressar as nuances da existência por meio de uma lente felina, revelando que, nas entrelinhas de nossas vidas, há sempre mais do que os olhos podem captar à primeira vista.